14/12/07

Porreiro, pá ?!...



Dizem os dirigentes políticos europeus e o nosso extremoso Sócrates que estamos Tratados. Ou seja, eles trataram do Tratado. Nós não tratámos de nada e certamente não iremos tratar. Não metemos prego nem estopa para a conversa. Assistimos apenas. Uns boquiabertos, outros indignados e outros ainda embevecidos com a parada de estrelas políticas que desfilaram pelos telejornais, o rocócó nacional de algumas ementas servidas às excelências, uma tímida viagem de eléctrico e até com as canetas de prata personalizadas com que o benfazejo documento foi assinado.

O que fica por saber – que as miudezas já nós bem dominamos (bendita comunicação social a nossa) – é o que é que afinal representa para nós, para o nosso dia-a-dia, para o nosso desenvolvimento, para o futuro do país, este tão aclamado – por alguns, daqueles que eu desconfio sempre, porque normalmente o que eles acham bom para mim, eu acho que só é bom para eles – tratamento, perdão, Tratado.

Em geral e apanhando pontas soltas conseguimos ficar a saber alguns dados objectivos:
· Vamos perder eurodeputados, portanto, reduzir a nossa representação política;
· Vamos perder o Comissário Europeu, portanto, reduzir a nossa representação política, o peso da participação e intervenção portuguesa na construção europeia;
· Vamos perder a Presidência rotativa – que vigorava até agora, logo capacidade de influência e marcação de agenda (pelo menos);
· Vamos perder a capacidade de vetar políticas e medidas que sejam contra o interesse nacional;

E o que vamos ganhar ? Objectivamente, são tudo incógnitas, dúvidas e esclarecimentos futuros. Os nossos governantes – e os deliciosos politólogos oficiais do regime – exprimem-se continuamente no sentido de que “contam que”, têm “a convicção que”, “provavelmente”, “pode ser que”. Só garantias, hein?!...

Isto é, têm a mais absoluta certeza na incerteza e, isto, apenas para não reconhecerem que Portugal não ganha nada neste novo rumo da União Europeia. No fundo, tudo o indica, os povos europeus não ganham nada com este tratamento, perdão, Tratado.

Alguém ganhará, por certo, dado o imenso foguetório e as canetas de prata. Lamentavelmente, desconfio que serão os suspeitos do costume e por isso até ficam com pele de galinha quando ouvem falar de referendo.

Irra, não vá o povo, que nada percebe destas coisas, que não vislumbra o enorme êxito político e diplomático alcançado, que coitadinho não sabe quais são os seus interesses, dizer que não quer nada disto. Cruzes canhoto!

Porreiro, pá ?!...

04/12/07

A maior Serra Ilegal da Europa Ocidental ?!...

O Século XXI tem sido pródigo na produção de classificações, rankings, recordes e muitas outras listagens e Portugal é uma verdadeira bailarina dos recordes: consegue ter um pé nas piores classificações de tudo e mais alguma coisa e outro pé, bem alto, no número de recordes, sobretudo dos recordes do absurdo: a maior árvore de natal da europa; o maior chouriço do mundo, o maior assador de castanhas da OCDE, o maior repolho da CPLP; a maior bandeira humana da história dos jogos de futebol a feijões, a maior mesa da Península Ibérica, o maior sobreiro do Alentejo, a maior guitarra acústica do Bairro Alto, o maior canivete do Tratado de Tordesilhas, o maior copo de vinho acima do Paralelo 32, a maior manta de retalhos a Norte do Estreito de Gibraltar e muitos outros primeiros lugares de excelência internacional, se não mesmo extra-planetária. Enfim, coisa nunca vista!...

Mas o verdadeiro recorde, o superlativo, o transcendente, que finalmente porá Portugal no seu justo lugar neste mundo complexo dos dias de hoje, está provavelmente a nascer silenciosamente, conscienciosamente, dedicadamente, encarecidamente e merecidamente no Concelho de Loures.

O actual Executivo Municipal já tentou várias vezes e de várias formas obter o seu recordezito, o seu minutito de glória, afinal um reconhecimento internacional, se não cósmico. Ele foi uma gritaria a propósito de um Casino; umas tropelias a respeito de uma Feira Popular, umas graçolas a propósito de um Hospital, umas tonterias a respeito de campos de golfe em cada escola e um sem número de outros episódios menores, que agora se entende não serem mais que puro aquecimento para a grande façanha, que se anuncia...

Tamtaramtamtam...

Pelo que me é dado a ver a grande aposta é fazer crescer, até à vitória recordística, a Serra da Alrota em Bucelas.

Vede bem pela fotografia junta, o despontar do sucesso. O primeiro grande aterro ilegal, que já supera largamente a vedação, foi integralmente conquistado pelo actual Presidente da Câmara e a sua rapaziada.

Os editores do Guiness Book of Records garantem que com tal feito Portugal já conquistou o afamado recorde "aterro acima de uma vedação posta no chão", mas que na verdade, a candidatura que receberam para futura homologação foi a de "a maior Serra da Europa Ocidental pós Guerra Fria", subscrita por toda a vereação sobre selo branco oficial e com um competente e indubitável despacho sob uma das assinaturas que reza assim: "Eu é que fui da ideia".

Será agora que vamos ter o nosso sonhado recorde ?

26/11/07

Temos por cá gente a pensar nisto ?!...

Por mão amiga, chegou-me da Alemanha, Munster, esta composição de imagens, bem elucidativa. A composição faz a comparação do espaço viário necessário para os seguintes meios de transporte: transporte individual, autocarro e bicicleta.

Como se diz na minha terra, até com os olhos se vê!

Aquilo que se passa em Portugal e em especial na Área Metropolitana de Lisboa, é uma aposta reiterada no transporte individual, no transporte rodoviário de mercadorias, no pleno enchimento das vias, com um sem número de horas perdidas em filas, com consumos milionários de combustíveis fósseis completamente desperdiçados, com contributos muito expressivos para a má qualidade do ar e para o aquecimento global. Ou seja, um disparate pegado.


Mas o futuro próximo, não só não promete nada de novo, como pelo contrário só se pode prever um desgraçado agravamento da situação. Por exemplo, na corda viária Sacavém-Vila Franca de Xira, suportada em 2 únicas estruturas viárias, a Estrada Nacional 10 e a Auto-estrada do Norte, a situação só pode piorar. E já está bastante má. A velocidade de serviço destas vias é tão baixa que devia levar os empresários e os residentes da zona a revoltarem-se e a exigir soluções consistentes e sustentáveis.

Note-se que a Estrada Nacional 10, mantém no essencial o mesmo espaço que tinha no tempo das carroças, mas serve agora um sem número de actividades económicas e milhares de utentes diários. Apresenta-se recortada por um número impar de cruzamentos, acessos, triângulos, rotundas, semáforos, passadeiras. Ou seja, circular é uma aventura tão desafiante como o Labirinto de Creta. Só que nenhum de nós é Teseu... e corremos mesmo o risco de morrer às mãos do Minotauro.

Repare-se bem que a construção na zona não pára e que todos os acessos às novas urbanizações, sejam habitacionais ou comerciais, despejam para a Nacional 10. O número de novos fogos autorizados a construir pelas Câmaras de Loures e Vila Franca de Xira deve ser astronómico e induzirá mais e mais trânsito individual.

Nenhuma destas Câmaras faz qualquer diligência para assegurar transportes alternativos, nem tão pouco para reservar espaço para que no futuro possam haver alternativas.

A via férrea tem sido progressivamente estrangulada e tem muito poucas hipóteses de ser equacionada de outra forma. Não há praticamente espaço para fazer novas estações; Não há um único corredor livre para instalar eléctricos rápidos; Os governos recusam-se a investir no metropolitano - é demasiado caro, dizem; Não há onde instalar vias "bus", para melhorar a velocidade de serviço dos autocarros; Nenhuma das autarquias, constrói vias cicláveis, para viabilizar pequenos percursos em bicicleta; Nem a Câmara de Loures, nem a de Vila Franca, nem mesmo a de Lisboa olham para o Rio Tejo como um recurso de transporte viável e sustentável.

Enfim, temos por cá alguém a pensar nestas coisas ?!...

Estamos mesmo bem entregues!

15/11/07

Caoscavém, é mais fiel não é ?!...

Não é apenas por se plantar prédios onde não cabem;
Não é apenas por se fazerem aterros sobre as linhas de água;
Não é apenas por haver lixo por todo o lado;
Não é apenas por ocorrerem cheias evitáveis;
Não é apenas por o trânsito não circular;
Não é apenas por não haver espaços de estacionamento;
Não é apenas por o Presidente da Junta estacionar em cima do passeio;
Não é apenas porque o Quartel dos Bombeiros nunca mais está pronto;
Não é apenas porque empurraram o Sacavenense para o abismo;
Não é apenas por não haver um único programa cultural decente;
Não é apenas por as obras da Estado da Índia, levarem meses de atraso;
Não é apenas por se deixar degradar as zonas históricas da Cidade;
Não é apenas porque se plantam barracas num local que podia ser nobre;
Não é apenas porque o Clube Recreativo fechou;
Não é apenas porque a sinalização de trânsito envergonha;
Não é apenas porque se estão a desfazer rotundas há pouco construídas;
Não é apenas porque o Parque Tejo Trancão não nasce;
Não é apenas porque o Quartel se vai;
Não é apenas porque o Trancão não despolui;
Não é apenas porque a Biblioteca não aparece;
Não é apenas porque só há um jardim;
Não é apenas porque o Jardim se finou;
Não é apenas porque se pespegou um horrendo cabeçudo;
Não é apenas porque se amputam as zonas verdes;
Não é apenas porque não há ligação à segunda-circular;
Não é apenas porque a ponte é um obstáculo para a outra margem;
Não é apenas porque os estacionamentos estão ocupados por carros à venda;
Não é apenas porque dos onze vereadores da Câmara, três moram em Sacavém;
Não é apenas porque os Bombeiros têm de estacionar as ambulâncias no meio da rua;
Não é apenas porque o Museu da Cerâmica parou no tempo;
Não é apenas porque os passeios são um perigo para os peões;
Não é apenas porque à sede da Junta só chega quem anda ligeiro e sobe bem;
Não é apenas porque a Assembleia de Freguesia é uma indignidade permanente;
Não é por nada.
É apenas por tudo isto (e mais o que aqui ainda falta!).
Pronuncio-me a favor de mudar o nome a Sacavém.
Doravante deveria adoptar-se o topónimo CAOSCAVÉM.
É mais fiel, não é ?!...

15/10/07

Será uma espécie de incontinência ?...

Que se passará na Câmara de Loures ?

O actual presidente e vereação, chegaram ao poder e de imediato meteram em marcha a substituição de competentes técnicos e chefias, por rapaziada com cartão, supostamente, da sua confiança pessoal ou política.

Pouco lhes interessou se as pessoas eram capazes ou competentes, se eram dedicadas ou empenhadas, se nutriam simpatia pelo PS ou não. Estavam a trabalhar com as anteriores administrações ? Então, rua daqui!

E foi assim, que a Câmara de Loures caiu na desorganização, na incapacidade, no mimetismo, na inépcia em que se encontra.

Mas o curioso é que passados apenas alguns anos desta inenarrável gestão, se pode verificar a fuga contínua dos "recrutamentos" para chefias feitos pelo PS. Ou seja, mesmo aqueles que chegaram por amiguismo, cartonismo ou encostadismo, estão a pôr-se a milhas. Vejamos apenas alguns exemplos para corroborar o que se afirma:

Dra. Elisabete Brito - Directora de Departamento Sócio-Cultural;
Arqª Ana Simões - Chefe de Divisão de Educação e Juventude;
Arqº Jorge Catarino - Director de Departamento de Urbanismo;
Arqº Paulo Pais - Director do Departamento do Plano Director Municipal;
Arqº Miranda Correia - Chefe de Divisão de Habitação;
Dr. João Monteiro - Chefe de Divisão de Desporto;
e dizem-me que mesmo a mais recente aquisição dirigente, já está em debandada: a Mestra Ana Paula Assunção.

Será apenas uma espécie de incontinência ?

01/10/07

Fatalidade ?

foto MÁRIO CRUZ/LUSA, obtida em Portugal Diário

Não me parece que seja uma mera fatalidade. Há mais de 10 anos que não havia cheias em Sacavém com esta gravidade e consequências.

E essa ausência de incidentes de cheias com significado, é o resultado directo das obras que as anteriores gestões da Câmara e dos SMAS ali realizaram, mas também da manutenção e limpeza que eram asseguradas.

É certo que dada a configuração da Praça da República que a conjugação da maré cheia com uma forte bátega de água, podem a todo o tempo ocorrer situações de inundação daquele largo, mas o que é absolutamente certo é que desta feita concorreu um terceiro factor importantíssimo e decisivo: o imenso aterro que está no cimo da Rua Salvador Allende, sobre a Ribeira do Prior Velho.

Ouvidas as declarações do Sr. Presidente da Câmara, numa coisa (a única de resto) se lhe pode dar razão: “a natureza procura sempre o seu espaço”. Ora aí estão, palavras sábias no meio do habitual vendaval de “a culpa é de todos menos minha”.

Então se a natureza procura sempre o seu espaço, porque autorizou a Câmara Municipal que o Sr. Presidente dirige, a invasão do espaço da natureza com aquele imenso e despropositado aterro? É fácil perceber que se quis facilitar a vida ao urbanizador que está a fazer os prédios em frente (faz-se tudo para facilitar a vida aos urbanizadores. Porquê?), permitindo-lhe que, com muito menos custos e trabalho desse destino a todas aquelas terras que retirou do outro lado, para fazer as fundações do seu empreendimento. Mas as consequências dessa leviandade aí estão! Sem apelo, nem agravo.

Estive lá e vi. As terras que encheram de lamas a Praça da República que atulharam as condutas até ao rebentamento, que fizeram jorrar as sarjetas, eram de um amarelo fresco e luminoso, como as do aterro da Rua Salvador Allende. Só podiam ter aquela origem.

Não encontrei ali, os lodos negros e mal cheirosos que habitualmente conspurcavam e atolavam tudo. Esses sim, vinham do Rio, esses sim consequência da maré cheia. Portanto, desta vez, não venham dizer-nos que é a fúria arbitrária dos elementos. Desta vez é a natureza a reconquistar o seu espaço e a Câmara de Loures estava avisadíssima para a possibilidade de ocorrências desta natureza.

É muito difícil perceber como se vai gastar uma fortuna num parque de estacionamento no sub-solo na Avenida Estado da Índia, como se vai gastar uma fortuna a criar 4-faixas de rodagem-4 e outras pipinoquices naquela artéria, quando se deixam essas vias estranguladas nos extremos e a Praça da República no desastre e no caos em que está. Não se conseguem perceber estas opções e estas orientações.

Portanto, não me venham cá com fatalidades. O que aconteceu e infelizmente há-de voltar a acontecer - e oxalá que nunca seja pior -, é consequência da acção humana, é resultado das decisões da Câmara Municipal, é o corolário de uma desastrosa (e até perigosa, pode começar a dizer-se) política de gestão do território.

Qual fatalidade ? Nem mesmo o facto de não ter conseguido encontrar nenhum dos vereadores da Câmara, residentes em Sacavém, no local do problema é uma fatalidade. É apenas consequência de escolhas e opções… humanas. A divindade nada tem que ver com isto!

Fatalidade ?

23/09/07

Camiões repolhudos ?...

Poderosa e abençoada várzea esta. Desde que me conheço que oiço dizer que a várzea de Loures é de uma riqueza e capacidade agrícola incomparáveis. Durante décadas foi a mais importante fonte de abastecimento de hortícolas dos mercados de Lisboa e arredores.

Chegados a Loures os tempos da massificação cimentífica eis que a várzea vai mostrando igualmente toda a sua capacidade, não já de produzir couves, cenouras, rabanetes e aparentados, mas de acolher e fazer brotar aterros ilegais, anulação de linhas de água (até às próximas cheias, cuidado! Depois queixem-se!...), urbanizações brutais e outras excrescências destes anos de cimento.

Extraordinária é agora a visão , a partir da Casa do Adro ou da Igreja Matriz de Loures, deste novo produto da terra fértil da várzea: um parque de camiões.

Não se sabe se isto é resultado da aposta municipal no desenvolvimento da logística selvagem, uma espécie muito em voga em países e regiões atrasadas que têm a ilusão que assim chegam e mais depressa a um dito "desenvolvimento". Coisa que ninguém viu, nem sabe o que é.

Mas a maior dúvida vem mesmo das ciências agronómicas: irá a Várzea de Loures passar a gerar camiões repolhudos ?

16/09/07

Medieval. E porque não ?

Todos sabemos que os portugueses, com frequência, oscilam de humor: entre o profundamente deprimido e o esfusiantemente sarcástico. Neste momento, os idiotas (i.é. pessoas que têm ideias) que projectaram uma Feira Medieval em Sacavém estão a ser alvo de um arrasador anedotário. A Câmara de Loures a cobrir-se de ridículo e o Presidente da Junta a encharcar a Cidade de "editais" à boa maneira medieval.

Será justo? Eles têm-se esforçado. Têm tentado de tudo para dinamizar o Turismo em Sacavém. Desde o "Fiasco Juvenil":



A uma panóplia de artistas de gabarito:

"O grupo musical Fernando Alves Trio abriu o programa animando o público presente. Muitos foram os que saltaram da cadeira para darem o seu pezinho de dança.
Já a noite ia longa, quando subiu ao palco uma artista bem conhecida do público, Ágata, que cantou alguns dos temas mais famosos contando com o acompanhamento de pequenos e graúdos. (...) Fernando Marcos, (...) Carlos Teixeira, (...), Pedro Farmhouse, (...) António Pereira." (in Boletim Municipal nº 25)

Tudo tem sido estratégicamente estudado para dar elevada expressão turística a Sacavém, Moscavide, Bobadela e Prior-Velho, terras com elevado potencial para o efeito.
Porque não tentar agora a Feira Medieval ? Julgo que está fadada ao sucesso. Veja-se bem se Sacavém não encontrou finalmente uma vocação (de Cidade medieval) desde que está a ser gerida por quem está:

1. Só crescem muralhas. Nada mais evoluí. Característica estrutural da Idade Média;

2. Cercada de paredões, ameias, panos de muralha e linhas de água, tem ou não as características próprias das cidades (castelos) medievais?

3. A Cidade está suja, feia e mal-cheirosa. São ou não sintomas clássicos das urbes medievais?

Concordo que não pode deixar-se de sorrir com o espanto daqueles que perguntam: então vieram fazer a 1ª feira medieval em 2007 ?!... Foi atraso dos comboios ou quê?

Mas bem sabemos que promover o turismo é uma arte. E as artes profundas precisam de tempo para desabrochar. Provavelmente, ninguém tinha percebido que fazer Sacavém andar para trás décadas em tão pouco tempo era uma estratégia assumida para lhe dar um cunho medieval que só os turistas e os seus sensíveis narizes são capazes de reconhecer. Ora, estes políticos estão a fazer arte. Turística, mas também, histórica e sociológica.

Sacavém, é hoje um verdadeiro atelier de artistas que desfazem, achincalham e espezinham a história, as tradições, as vivências e até os edifícios notáveis. Ao mesmo tempo e à boa maneira americana, tentam construir uma nova história, dar novas referências e dessocializar a comunidade das suas principais referências. E para que conste, estão a ter sucesso!

Porque não fazem a Feira Medieval na Rua dos Mastros ? Era, o mais adequado. Mas quem é que sabe onde é a Rua dos Mastros em Sacavém ?

E porque não uma Feira Medieval ? Note-se que é uma iniciativa praticamente inovadora. Assim, por alto, só se conhecem as poucas Feiras Medievais de:

Alfândega da Fé
Aljubarrota (Alcobaça)
Alvalade (Santiago do Cacém)
Arcos de Valdevez
Belmonte
Belver
Bragança
Caminha
Canas de Senhorim
Castelo da Foz (Porto)
Castro Marim
Cinfães
Coimbra
Guarda
Lamego
Lindoso
Macedo de Cavaleiros
Montalegre
Montemor-o-Novo
Óbidos
Palhaça (Oliveira do Bairro)
Penamacor
Penedono
Penela
Porto de Mós
Sabrosa
Santa Maria da Feira
Seixal
Silves
Trancoso
Virtudes (Azambuja)
Como se vê, tudo locais com castelos e urbes de inferior qualidade turística em relação a Sacavém. Reafirmo, esta Feira Medieval está fadada para o sucesso turístico.

Pelo que se percebe, os hotéis de Lisboa e arredores, estão já concentrados no aluguer de viaturas - e diz-se mesmo que de comboios especiais, mas disto não há ainda certeza - para transportar todos os seus hóspedes para a Feira Medieval de Sacavém.

Os hóspedes mais entusiamados com a iniciativa, dizem-nos, são os do Hotel de Sacavém. Pois, esse, o que já foi anunciado 73 vezes no Boletim Municipal!

Ora, com tantos atractivos turísticos, tantos hotéis, uma Cidade lindíssima e limpíssima, um rio transparente e um castelo altaneiro, pergunta-se:

Para quê o sarcasmo e as piadolas?

Porque não, uma Feira Medieval ?

09/09/07

Temos de engolir a hóstia ?

Mário Soares, incontornável referência do PS, acaba de ser nomeado pelo Governo PS, Presidente da Comissão de Liberdade Religiosa. Ironicamente, ao mesmo tempo, a Câmara Municipal de Loures, sob gestão do PS e/ou a Valorsul tutelada pelo Governo PS, desrespeitaram ostensivamente a Lei da Liberdade Religiosa.

Na inauguração do Ecoparque de São João da Talha - equipamento "oferecido" pela Valorsul à Freguesia de São João da Talha em compensação pela construção da Central Incineradora nesta zona - no passado sábado, dia 8, a Igreja Católica Apostólica Romana teve o privilégio de um seu representante não apenas discursar em primeiro lugar, como de proceder à "bênção" do novo parque, segundo os rituais daquela confissão.

E tudo isto, muito formal, muito oficial e de certeza, a convite da Câmara de Loures ou da Valorsul ou de ambas as entidades.

O certo é que com esta atitude, tratando-se de um equipamento público, de uma cerimónia pública, pagos pelos dinheiros públicos configura grave infracção da Lei n.º 16/2001, de 22 de Junho (Lei da Liberdade Religiosa), cujo Artigo 4.º, Princípio da não confessionalidade do Estado, determina que:

"1 - O Estado não adopta qualquer religião nem se pronuncia sobre questões religiosas.
2 - Nos actos oficiais e no protocolo de Estado será respeitado o princípio da não confessionalidade.
3 - O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes religiosas."
4 - O ensino público não será confessional.
"

Foi violado o princípio de nos actos oficiais e no protocolo de Estado será respeitado o princípio da não confessionalidade. Os cidadãos têm o direito de não ser confrontados e "obrigados" a conviver e participar em cerimónias inesperadas de confissões que não professam?

A Câmara de Loures e/ou a Valorsul violaram a lei ? Alguém vai assumir responsabilidades ? O Dr. Mário Soares vai pronunciar-se ? Ou independentemente da nossa vontade – cada vez que participarmos num acto oficial da Câmara de Loures - teremos de engolir uma hóstia, mesmo sem ter tomado o pequeno almoço ?

27/08/07

Pedintes para sempre ?

O Museu Nacional dos Coches, está a organizar uma excelente iniciativa, cujo cartaz aqui se apresenta e à qual tiro o chapéu.

A iniciativa consiste na realização no último domingo de cada mês de um "café-concerto" de magnífica música, de reputados compositores, interpretada músicos de elevada craveira. E a cereja em cima do bolo: é gratuito!

No quase improvável cenário (porque os coches se mantêm lá e porque o calor quase nos coze) para ouvir música, registei ontem uma assinalável enchente. Presumo, que nos outros dias terá sido semelhante e os próximos terá talvez ainda maior procura.

Garanto que nunca em Lisboa tinha visto uma fila para entrar num Museu. Com este sucesso, penso que a Directora do Museu terá a cabeça a prémio. Com este Governo e esta Ministra da Cultura, ter estas ideias mirabolantes e atrair tanta gente a um Museu não é nada recomendável. Ás tantas, ainda o povo acha graça à cultura e se interessa e depois que se iria fazer a tanto telelixo e a tanto centro comercial ?!...

Um senão, não sei se da responsabilidade de um funcionário diligente, da directora do museu ou orientação do Ministério: a existência de um cartaz, profusamente colado nas vidraças à entrada do Museu, que diz mais ou menos isto: "o espéctaculo é gratuito, mas como somos pobrezinhos, sugerimos que nos dê uma contribuição de € 1,00".

Juro que não queria acreditar e até pensei que fosse uma brincadeira, mas não é. No balcão, lá está a "jarra" a aceitar as "esmolas", como se de um templo católico apostólico romano (os únicos onde vi caixas para as "esmolas") se tratasse.

Será que quando se trata de cultura, seremos pedintes para sempre ?

16/08/07

Outra via para o socialismo ?

Desconfio agora que Sócrates tem sido injustamente acusado de muita coisa. As últimas notícias vindas a público da área económica, creio que ajudam a perceber melhor que é injusto dizer que o homem não tem ideologia, que não é socialista.

Deng Xiao Ping já havia descoberto o "socialismo de mercado", Sócrates ameaça ficar famoso pelo seu "socialismo em lotes". O mundo está já de olhos postos nesta experiência única e nos seus primeiros resultados: 100 portugueses valem já 34 mil milhões de euros e acumulam 22,1% do Produto Interno Bruto.

Ao contrário de Cavaco que quis (????) implantar o capitalismo popular nos anos 80 (iamos ser todos ricos ao mesmo tempo, prometia ele), Sócrates com um pragmatismo único e uma flexibilidade ideológica ímpar, propõe-se levar os portugueses ao socialismo em lotes de 100 e tem já resultados concretos: O primeiro lote de 100 portugueses já passaram para a sociedade socialista, uma sociedade de abundância, de saúde, de educação, de cultura, de satisfação e bem-estar.

Não sabemos como foram escolhidos estes para esta arca de noé, mas isso são minudências!...

O certo, é que o homem não transigiu no caminho para o socialismo. A ideologia está nele bem presente e o socialismo é a sua menina dos olhos. Quão injustos estavamos nós a ser!

Afinal havia outra ? ... via para o Socialismo ?
Espero estar incluido no lote do próximo ano...

07/08/07

MInistro do Petróleo, hein ?!...

A comunicação social dá-nos conta da composição do novo governo anti-constitucional de Timor e, logo à cabeça: Primeiro-ministro, ministro da Defesa e Segurança e ministro dos Recursos Naturais: Xanana Gusmão.

Não é de estranhar o entusiasmo do homem com o seu protector australiano. Não se registou som, mas há quem diga que proclamava com a sua voz arrastada de falsete: ccccccooooooonnnnnssssseeeeggguimos!!!!

Pois não é caso para menos, tanta satisfação. A controlar o Governo, assegurando para si a "segurança" pois então e - a cereja em cima do bolo - o petróleo, perdão "recursos naturais".

O homem que até queria ir para casa, que não queria trair mais. Enfim... heróis de palavra!

Ministro do Petróleo, hein?!...

06/08/07

Heróis e democratas ?


Estes senhores, vêm protagonizando de há meses a esta parte uma verdadeira "golpaça de estado", sob o patrocínio australiano e com a complacência do "mundo livre, ocidental e democrático", Portugal incluído.

De facto, os portugueses estão a pagar a "manutenção da ordem" em Timor, permitindo que estes senhores se arroguem o direito de constante violação da constituição timorense, no fundo, fazerem o que querem à hora que querem, sob protecção militar e policial estrangeira.

Xanana (ex-presidente da república) perdeu as eleições, mas Horta (ex-primeiro-ministro, agora presidente da república) manobrou-manipulou-manobrou e quer nomeá-lo primeiro-ministro, contra as regras constitucionais de Timor e contra as regras democráticas internacionalmente aceites.

Como é que alguém que manobra, manipula, entorta, golpeia, finta e despreza o texto constitucional conforme lhe dá jeito e convém aos seus interesses - como é o caso destes senhores - pode ser herói? Como é que alguém que desrespeita grosseiramente o voto popular, pode ser considerado um democrata?

Heróis? Democratas?

Que diz o nosso Governo, para mais a presidir a União Europeia? Assobia para o lado e finge que não vê? Que é normal e democrático? E todos os pensadores que enchem a comunicação social com as mais patéticas considerações sobre países e governantes que escapam ao pensamento único, nada têm a dizer?

01/08/07

O caminho é plantar bairros de lata ?

Que o urbanismo e a vida urbana no Concelho de Loures está a caminho do patamar de refinadíssimo subúrbio é uma evidência.

Para o que talvez não estivessemos preparados era para assistir ao plantio de bairros de lata, pela Câmara Municipal e em áreas requalificadas.

De facto, a requalificação ocorrida nas margens do Trancão em Sacavém por ocasião da EXPO'98 não terá a excelência daquela que foi executada na zona de realização do Certame Internacional, mas não apenas melhorou incomparavelmente toda a margem sul da foz à ponte sobre a EN10, como tinha o minímo de dignidade exigível (excepção feita aquele cabeçudo horrendo ali pespegado a despropósito).

Bem vi, há tempos, que ali tinham colocado uns contentores. Pensei, cá para mim, que se iriam iniciar, finalmente, as obras da Praça da República e que os monstrengos iriam dar apoio à obra. Passaram umas semanas sem qualquer outro sinal de tal obra e decidi-me a investigar.

Só muito hipotéticamente se consegue desconfiar para que é que serve o novo bairro de lata, mas de uma coisa não há dúvida, é um bairro de lata, feito a preceito, com ligações de água clandestinas e tudo, como se pode ver:



Para além de desfeiar completamente a zona e desqualificar o que acabou de ser qualificado, de criar uma nova área de insegurança nocturna, é difícil perceber para o que é que pode servir que não seja um centro de treinos para que os larápios possam obter a sua especialização em contentores, embora presuma que tenha servido igualmente para "cortar fita" e enfunar algumas vaidades.

Se Loures está em vias de ser a Capital do país, Sacavém será na mesma época a Capital Mundial do ambiente urbano.

O caminho é plantar bairros de lata ?

18/07/07

E por cá, como vai ser ?



O jornal El País, noticiava, na sua edição de 27 de Junho passado um relatório da Greenpeace em que esta organização denuncia que em 89 casos de corrupção urbanística, estão envolvidos mais de 354 cargos públicos, entre eles vários presidentes de câmaras muncipais.

O relatório, denominado "Destrucción a toda a costa", aborda o problema da completa invasão urbanística da costa espanhola, por empreendimentos turísticos que têm tanto de faraónicos como de ilegais e estão projectados mais de 300 campos de golfe. O levantamento feito pelos ecologistas denuncia ainda que detectou mais 99.500 moradias ilegais.

Concluí o Greenpeace que o ritmo de ocupação do solo por urbanizações tem crescido em Espanha ao ritmo de 3 campos de futebol por dia.

Por cá, espantosamente, quando os outros começam a reconhecer os erros cometidos, quando os processos em tribunal começam a resultar em acusações e condenação, quando se verificam os problemas decorrentes das opções feitas, pretendemos imitá-los.

Quem leia, mesmo que fugazmente, os chamados jornais ou cadernos "de economia" e de "negócios" da nossa praça ou oiça ou leia o Ministro da Economia (e outros, incluindo o Primeiro Ministro) nas suas entrevistas institucionais, só tem razões para ficar preocupado.

Os famosos PIN (projectos de Potencial Interesse Nacional) já andam por aí a viabilizar empreendimentos turísticos e muitos campos de golfe (na verdade a especular e a ocupar selváticamente o solo). O interesse nacional é só e apenas potencial, mas entretanto, podem construir e ganhar milhões.

Compram as propriedades agrícolas (supostamente não urbanizáveis) a baixo preço e um providencial PIN (cujo estatuto se obtém, não sei bem como), transforma terrenos de tostões em mais-valias de milhões. Mesmo que não haja qualquer interesse nacional, os promotores já realizaram os seus fabulosos lucros.

Se o milagre da multiplicação dos pães já me tinha impressionado, veja-se bem o efeito que não há-de provocar o milagre da multiplicação das fortunas. Sócrates também ficará na nossa história, a par de quantas santas milagreiras tivemos.

Certamente, alguns Presidentes de Câmara e outros detentores de "cargos públicos" o acompanharão. Aliás, não vejo como possa deixar de ser, quando vejo o que vejo na nossa costa e mesmo nas margens ribeirinhas dos nossos rios mais significativos, onde avulta, por todas as razões o Tejo.

Um dia, quando em Portugal o mal também estiver feito e na justiça se começarem a apurar responsabilidades, como vai ser ?

17/07/07

Cheira a bolor, não cheira ?



No tempo do "Estado Novo", expressão light para o período fascista em Portugal, era assim: sempre que o Presidente da Câmara tinha o incómodo de sair do gabinete e se deslocava a uma paróquia, era certo e sabido que era orquestrada uma festarola em sua honra e que a Banda Filarmónica da terra ou uma qualquer emprestada, lá ia abrinhantar a presença da ilustre figura. Era recebido à entrada da localidade e seguia envolto nas mais celestiais partituras que a composição filarmónica fosse capaz de executar.

No fundo, fazia-se de conta que era Deus na terra! E deviamos todos ficar gratos pela preferência e pelo incómodo a que se prestava sua Excelência. Não faltaria a seu lado (para reforçar as conexões divinas e benzer tudo o que Sua Excelência dissesse e fizesse) o Bispo da zona.

Foi assim no Concelho de Loures durante 48 longos anos. Estaremos de volta a tão bolorentos, obscurantistas e repressivos tempos ? Já não há cerimónia que não tenha representante divino, a benzer, a benzer, a benzer...

E agora, também já temos as Bandas Filarmónicas a abrinhantar as visitas do Presidente da Câmara, como é o caso de Bucelas, onde Sua Excelência já não se desloca sem música e desfile a condizer.

Associado à crescente arrogância e autoritarismo do Governo, esta espécie de caciquismo, orquestrado a partir de uma respeitável e centenária Colectividade, exala um estranho odor.

Cheira a bolor, não cheira?

13/07/07

Demagogia também anda de segway ?



A agência noticiosa Lusa, divulgou uma notícia que, mais coisa menos coisa, saiu assim em alguns jornais: "A Câmara de Loures testou veículos Segway enquanto possíveis “alternativas ecológicas” aos meios de transporte no município, revelou à Lusa João Galhardas, vereador do Ambiente. Os veículos Segway, compostos por duas rodas separadas por uma plataforma para o condutor e por um volante que, através da inclinação dada pelo corpo do próprio utilizador, viram e andam na direcção pretendida, gastam um euro de energia por cada 600 quilómetros percorridos e têm um custo de cerca de 5700 euros por unidade. O teste feito pelo vereador do Ambiente consistiu na realização do percurso entre o Departamento do Ambiente e o Palácio Marquês da Praia, onde se realizou uma reunião camarária, num total de 2,3 quilómetros percorridos em perto de sete minutos. João Galhardas escusou-se no entanto a revelar quem utilizaria estas viaturas em caso de investimento municipal."

Note-se bem o último período do parágrafo. O Senhor Vereador do Ambiente não sabe muito bem para quê ou para quem o segway pode servir na Cãmara Municipal. Portanto, ou achou graça ir para a reunião de Câmara num veículo modernaço e pronto, fica por aí. Ou então, calculou que a coisa caía bem para a fotografia e para render espaço nos jornais e lá conquistou as suas 10 linhas de glória...

A interpretação pode bem ser que, agora, a demagogia nos chega por segway...

É que no tempo de um outro Vereador do Ambiente a Câmara Municipal de Loures assinou um Protocolo com a Valorsul que estabelecia a oferta, por esta, de um autocarro movido a energia alternativa. O Protocolo foi aprovado por unanimidade em Reunião de Câmara e não foi alterado até hoje. Contudo, a actual gestão municipal, não quis saber nem de Protocolo, nem de energias alternativas para nada e aceitou um problemático autocarro alimentado ao fóssil gasóleo.

A menos que os segway's venham a servir para substituir o autocarro - que devia ser um exemplo e não é - e as crianças das escolas, passarão a deslocar-se para o Parque Urbano de Santa Iria de Azóia cada uma na sua "máquina" ambiental ou então, só pode concluir-se que esta foi apenas e só uma operação de demagogia barata.

A demagogia também anda de segway ?

10/07/07

Zitarela ou profissional da dissidência ?



Estava no gozo de uns retemperadores dias de férias, quando, na passada semana, me vejo confrontado com uma "grande entrevista" à senhora dona Zita Seabra. Comecei a perceber que a senhora não tinha feito nada de novo, nem de extraordinário, mas tinha direito à dita "grande entrevista" por causa de um passado longínquo... e inexplicável. Agora é que ela vai pôr tudo em pratos limpos!

Algo surpreendido, deixei-me ficar a ouvir. É evidente que surpreendido, porque se depois de ter deixado o PCP há muitos anos, se inscreveu no PSD, já foi vereadora por esse Partido na Câmara de Vila Franca de Xira, é agora deputada social-democrata e tem - diz-se - a actividade profissional de editora, vem agora editar um livro dedicado ao PCP ?!... Não haverá nenhum feito recente, uma causa que valha a pena, uma proposta ou projecto com futuro ou para o futuro? Só tem passado ?

Ainda pensei que podia ser manobra televisiva para chamar a atenção dos telespectadores e que a senhora se dedicaria a falar sobre, sei lá, um passado mais recente que fosse.

Mas não, assumiu mesmo o papel de dissidente profissional, ou seja, faça a senhora o que fizer no passado recente, no presente ou no futuro, será sempre consultada em matérias de dissidência. É uma especialista, uma profissional. E não uma dissidente qualquer, uma dissidente do PCP, o que confere um cunho especialíssimo à especialidade. Efectivamente, a comunicação social e os seus critérios são às vezes uma verdadeira delícia.

Bom, mas lá ouvi (não tive paciência para ouvir tudo e já digo porquê) umas quantas meias verdades, para sustentar a sua posição e o seu "profissionalismo", como a excelente tirada de que sempre se opôs à unificação da UEC com a UJC, mas sem explicar as verdadeiras razões porque se opôs. Alguém se lembra de que a senhora, após a unificação ficou sem o protagonismo que tinha na UEC ?!... Será uma explicação bem mais prosaica, mas talvez bem mais realista, não?!

Mas o que me implodiu a paciência foi o conto de fadas que ali levou com tanta candura e que se pode resumir na seguinte fórmula: "Era uma vez... estava tão entregue à causa, tão entregue à causa, que era uma verdadeira escrava. Não sabia que fora da cozinha escura onde a madrasta má e as irmãs péssimas a encerraram, também havia mundo, vida, passarinhos e... só um dia em que encarou com um princípe encantado e experimentou o sapatinho, foi libertada do jugo opressor da bafienta cozinha, para o mundo, a vida e a mais completa liberdade. Casou e foi muito feliz para o resto da vida...". (onde é que eu já ouvi/li isto?)

Arre porra, que não há pachorra para estas tretas. (foi aqui que passei para o canal do lado, como bem se percebe)

Mais, a senhora dona, de quem se diz que é editora, deveria ter o sentido ético e profissional de não nos vir vender como uma história nova, a velhíssima história da Cinderela, recauchetada de Zitarela. Como a maioria das cópias e plágios, é a mesma história em pior. Acha que somos todos parvos ou é preciso uma ajudinha do "povo" para evitar a falência de alguma editora ?

Justifica-se perguntar: estamos perante uma Zitarela da vida quotidiana, uma editora aflita ou uma profissional da dissidência que nos conta histórias como se fossemos bébés de embalar?

22/06/07

E se passar a ser assim ?!...



A empresa Proambiental prestou um serviço à Câmara Municipal de Loures e não foi paga por isso, muitos meses depois. Ontem, dia 21 de Junho de 2007 (assinalo bem a data porque pode vir a ser um dia histórico) fez uma manifestação à porta dos Paços do Concelho exigindo ser paga.

É conhecido que a Câmara de Loures tem vindo a protelar pagamentos a um nível nunca visto. O discuRso de justificação também é conhecido: "não há dinheiro. E a culpa é dos outros que cá estavam", transformando-a numa justificação corriqueira, banal e mesmo já bolorenta. Este Executivo está em funções há 6 anos. Pois 6 anos. E não teve ainda tempo para corrigir as "malfeitorias" do passado?

Acresce que a Câmara de Loures teve de saldo nas contas de gerência, cerca de 10 milhões de euros. Ou seja, em 2006, sobraram-lhe 10 - milhões - 10 que não foram aplicados em investimento, nem a pagar aos fornecedores. Ou há alguma expectativa que a coisa venha a medrar e a transformar-se numa fabulosa fortuna ou então não se percebe uma tal gestão dos dinheiros públicos, ainda por cima suportada pelo discurso miserabilista de que não há dinheiro.

Tenho de reconhecer a coragem do novo Vereador do Ambiente. Acabou de chegar, mas foi dar o corpo às balas. Começa a perceber-se o papel que lhe destinaram (o PS e a Distrital do PSD): o de homem para todo o serviço, servir de muleta, guarda costas e sabe-se lá que mais. Reconheça-se que o fez com galhardia!

Para um observador externo, a argumentação de que "a empresa comprometeu-se a fazer o serviço em 36 dias, o que não aconteceu", colhe pouco. E passo a explicar: quando é emitida uma factura que não corresponde ao serviço prestado, é obrigação da entidade adjudicante, proceder à sua devolução justificando a inconformidade entre o serviço prestado e o facturado. Ora, se passado todo este tempo a Câmara não devolveu a factura, é por que aceitou como boa a factura recebida e se não pagou no tempo próprio, então DEVE!...

Portanto, é fácil perceber que o Sr. Vereador prestou publicamente as explicações que lhe "sopraram", mas foi enganado. Foi para a luta, mas deram-lhe munições de pólvora seca. Está visto que vai ter de manter uma moral muito elevada para continuar a travar as batalhas dos outros, desarmado, desapoiado e aldrabado. Diz o povo que cada um faz a cama em que se há-de deitar...

Imagine-se agora que a Proambiental abriu um ciclo em que os fornecedores credores, em vez de enviar ofícios a pedir pagamento, passam a fazer manifestações à porta da Câmara Municipal de Loures. As divídas são tantas e variadas que não poderá ser sempre o Vereador Galhardas a tentar desculpar a coisa. Ele não tem o Pelouro das Finanças, nem é Presidente da Câmara. Haverá por aí alguém da maioria PS para enfrentar os problemas que cria ?

E SE A PARTIR DE AGORA, PASSAR A SER ASSIM ?!...

19/06/07

O ridículo mata ?



O Parque Urbano de Santa Iria de Azóia está coberto de mato, alto, enlaçado, prometendo fogueira grossa. Entregue à gestão calamitosa do PS, só o mato teve força para ali crescer, tudo o resto minguou...

Falta a manutenção e a atenção, pelo menos da parte daqueles que têm a responsabilidade da sua gestão, de cuidar da coisa pública, de disponibilizar à população nas melhores condições um equipamento colectivo que a todos custou conquistar e pagar.

Mas há, entre o povo, quem esteja atento. E foi assim que alguns populares constatando a altura dos "matos" que ali vingam e proliferam, decidiram - para seu uso é certo - capinar uma parte do imenso matagal, para alimentar os coelhos que criam nos seus quintais.

Aqui d'el rei que não podem, que é uma heresia, que o regulamento proibe, proclamou uma menina que se dá ares de quem manda lá no sítio. A coitada nada sabe da coisa, infelizmente nem desconfia o bem que estava a ser feito, mas qual quê andar-se a inflingir o regulamento. Ela é ali a guardiã da moral e dos bons costumes! (que nunca a justiça divina se aplique com critério e rigor, digo eu.)

A verdade é que não é um Regulamento, mas pronto, a ignorância é a ignorância e esta é uma ignorância miúda, comparada com outros dislates costumeiros por quanta rapaziada que se dá ares de entendido sobre coisa nenhuma, por essa Câmara fora.

E o que diz então o tal Quadro Normativo, promovido a Regulamento pela senhora doutora da mula ruça? Simplesmente que nos termos da lei geral e dos regulamentos municipais em vigor, constitui contra ordenação:a) destruir ou de qualquer forma danificar´equipamentos, árvores e demais vegetação (Artigo 12º)

Em suma, em vez de cuidarem dos equipamentos, das árvores e da vegetação que o Parque Urbano merece, que devia ter e não tem, procuram encarniçadamente afugentar quem - ainda que inconscientemente - lhes limpa o mato e a vegetação que deixaram chegar a um estado de decadência que já para pouco mais pode servir que para dar aos coelhos ou arder. Está-se mesmo a ver qual será o menor dos males... Ou não ?!...

RESTA PERGUNTAR: O RIDÍCULO MATA ? O povo diz que sim!

16/06/07

Controvérsia. E os nabos ?



A imagem é já famosa. Pelo menos na "rede". A controvérsia, essa, decorre da democraticidade própria da internet.

Uns dizem que a legenda apropriada (com o seu quê de insólito) seria "um nabo político estrafega um nabo agrícola", simbolizando o que se está a passar na Várzea de Loures, onde este Presidente da Câmara autorizou tanta construção que não vão caber mais nabos nenhuns, a não ser os que para lá forem morar;

Outros dizem, que o Presidente da Câmara de Loures "acabou de escolher mais um assessor", o que, dizem com pertinência, corresponde à situação conhecida de o homem estar rodeado de assessores, cada um mais nabo que o outro. Há mesmo aqueles que com perfídia acrescentam "um nabo político, só pode escolher nabos políticos para assessores...e até mesmo para vereadores";

E há agora uma outra versão, para baralhar a discussão: dizem que afinal, não senhor, o nabo que está na mão é um Presidente da Junta, daqueles que se borrifam para a freguesia em que foram eleitos, desde que estejam na mão (do Presidente da Câmara) e lhe cheguem ao coração, porque não enjeitariam um lugar... na vereação.

A CONTROVÉRSIA VEIO PARA FICAR. E OS NABOS ?

08/06/07

Que Caminho para que Destino ?



Consta-se no meio editorial e político que a Editorial Caminho foi vendida a Paes do Amaral. Consultado o site da editora, nada encontrei sobre o tema, mas asseguram-me fontes bem informadas que o negócio está já consumado.

O que terá levado o PCP "accionista" a vender a Paes do Amaral capitalista, uma das mais prestigiadas editoras portuguesas, onde pontificam alguns dos melhores autores portugueses, com destaque para o prémio nobel José Saramago ?

Ou a oferta foi absolutamente milionária e, portanto, irrecusável ou a venda de activos desta natureza e valor só ocorrem porque quem vende precisa libertar-se de um fardo ou realizar dinheiro para outras necessidades prioritárias.

Donde resultam as interrogações: a proposta foi milionária e os ex-detentores da Caminho vão ter agora um futuro tranquilo e feliz ? A Caminho era já um fardo insuportável ? Ou estava a ser necessário realizar dinheiro urgentemente ?

Uma coisa me parece certa, vender uma jóia da coroa, é sempre um sinal de fragilidade e um desapontamento. Ainda por cima, porque levanta muitas preocupações para o futuro e não apenas para o domínio da edição literária...

E AGORA, QUE CAMINHO ?

01/06/07

Que raio de gestão autárquica é esta ?



"Se alguém fizer greve não faz nem mais uma hora de trabalho extraordinário", bradou alto e bom som o Presidente da Junta de Freguesia de Sacavém aos trabalhadores antes da Greve Geral.

É bem evidente o propósito intimidatório e pressecutório. Em democracia é uma atitude inqualificável, para mais vinda de um eleito e que até é eleito a coberto de um "partido socialista". É um tique de insuportável intolerância, de um autoritarismo despropositado e de uma arrogância desorientada.

Mas é também revelador do tipo de gestão autárquica que é praticada. Se o trabalho extraordinário é moeda de troca, se assume o papel de prémio e/ou castigo aos trabalhadores, tal só pode significar que o conceito está completamente desvirtuado.

Aparentemente, na Junta de Freguesia de Sacavém, o trabalho extraordinário não tem lugar para se fazer o que a Cidade precisa, mas é um mero instrumento de poder descricionário do seu Presidente para premiar ou castigar trabalhadores.

QUE RAIO DE GESTÃO AUTÁRQUICA É ESTA ?

31/05/07

E, entretanto, o PDM de Loures continua à espera ?



O novo Plano Director Municipal de Loures deveria estar aprovado no final de 2004. Por razões que um dia a razão há-de revelar, a actual gestão da Câmara de Loures só quer empatar a sua revisão. Para garantir que a revisão do PDM não andaria mais depressa que o desejado, foi buscar para Director do PDM um homem que desse garantias de apenas ter 3 velocidades: devagar, devagarinho e parado.

E como aparentemente nada há para fazer no PDM de Loures, esse Director, foi para candidato do PS à Câmara de Lisboa. Seguramente, engrenou outra vez a velocidade "parado". Sendo candidato à autarquia da Capital quem é que tem tempo e cabeça para pensar em Loures, não é assim ?!...

E, ENTRETANTO, O PDM DE LOURES CONTINUA À ESPERA ?

30/05/07

Porque é que os senhores não jogam tranquilos ?



O Ministro do Desemprego e Insegurança Social e o Secretário de Estado da Privatização Pública têm-se esforçado por desvalorizar a Greve Geral em curso e, armados de sorriso amarelo, vão propalando a tese da "tranquilidade", qual Paulos Bentos da velha táctica "números ao molho e fé em deus".

Se é tanta a tranquilidade no país (seria de esperar outra coisa?) e está o Governo tão descansado, porquê o esforço e o sorriso amarelo dos governantes ?

Sofrem de peso na consciência, temem a próxima remodelação do governo ou apenas querem mostrar serviço ao chefe-corridinhas?

PORQUE É QUE ESTES SENHORES NÃO JOGAM TRANQUILOS ?

Estamos em que mês de que ano ?










foto extorquida a agencia.ecclesia com a devida vénia

Quando se declarava o rosto da mudança, o actual Presidente da Câmara de Loures apresentou os seus compromissos para a mudança onde figurava destacado o compromisso de "acabar até Dezembro de 2005, com as «barracas» no Concelho"

ALGUÉM ME DIZ EM QUE MÊS DE QUE ANO ESTAMOS ?

29/05/07

E você, vai fazer greve ?



A Comissão Nacional de Protecção de Dados já se pronunciou sobre as tentativas de listagem antecipada de trabalhadores grevistas: "a CNPD considerou que para efeitos de processamento dos necessários descontos na retribuição, os dados relativos às ausências do trabalhador por motivos de greve devem ser tratados, como até agora, de forma conjunta com os dados respeitantes a outras eventuais ausências reflectidas nos mapas de assiduidade".

Sublinhando que "a adesão à greve por parte de trabalhadores da Administração Pública reflecte uma opinião política" e que o tratamento autonomizado e identificado dos trabalhadores que fizeram greve "consubstancia decerto um procedimento discriminatório".

Neste sentido, a CNPD considera que qualquer tratamento autónomo de dados relativos à adesão à greve constitui uma violação dos artigos 13º e 35º da Constituição e do artigo 7º da Lei de Protecção de Dados.

O QUE ANDAM OS ASSESSORES E OUTROS SERVENTUÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO DA CÂMARA DE LOURES A FAZER DE GABINETE EM GABINETE DE BLOCO EM PUNHO A PERGUNTAR: "E VOCÊ FAZ GREVE ?"

28/05/07

O que mais há para desconhecer ?



Foto extorquida à revista figura, com a devida vénia

Há tempos o Presidente da Câmara de Loures fez uma elucidativa prelecção na sessão de Cãmara sobre o Hospital de Loures, surpreendendo tudo e todos, com os detalhes que revelava conhecer. Quando foi indagado como é que sabia tanta coisa que mais ninguém sabia, explicou desembaraçado que estava a pôr em prática a sua "capacidade criativa". Lapidar!

Agora, que se supõe que todos sabemos mais alguma coisa "oficial" sobre o projecto, seu Presidentíssimo vem dizer publicamente que, afinal, "desconhece" o projecto.
Alguém no Mi(ni)stério da Saúde arrasou-lhe a criatividade. Não se faz!...

O espantoso é que o Sr. Presidente da Câmara, não desconhecendo, faz por ignorar que o terreno dado pela Câmara de Loures para o Hospital foi pago por todos nós e está destinado a gerar lucros, não para todos nós, mas apenas para alguns negociantes da saúde.

E assim sendo, acha que os municípes das 7 freguesias do Concelho - que também pagaram o terreno e também assinaram e também se bateram pela construção do Hospital - e agora vão ficar sem acesso ao novo hospital, devem passar a ira ao Hospital... de Vila Franca de Xira. Ora m´esta!?

O SR. PRESIDENTE DA CÂMARA ACHA-NOS TODOS PARVOS OU HÁ MAIS ALGUMA COISA QUE ELE DESCONHECE ?!...

O estilo é tudo ?



A Câmara Municipal de Setúbal vive, como se sabe, com enormes dificuldades financeiras. Mata Cáceres deixou um pesadíssimo legado aos actuais autarcas e a Câmara paralisada e cercada. Carlos Sousa foi trucidado pelas conspirações partidárias e Maria das Dores Meira acordou um dia Presidente da importante autarquia. Quase um ano depois do evento, em que tem andado entretida a ajustar contas com a gestão de Carlos Sousa (da qual também fazia parte!?...), teve finalmente um rasgo de gestão autárquica: encomendou uma sessão fotográfica com maquilhagem incluída. Não sei se cara, se barata, a encomenda, mas numa autarquia em que é preciso contar tostões para os serviços básicos, é caso para perguntar se O ESTILO É TUDO ?...

25/05/07

Quem dá e tira vai para o inferno ?


Há uns anos a Câmara Municipal de Loures, obteve um terreno em Santa Iria de Azóia que destinou ao futuro Centro de Saúde e futura Esquadra das forças de segurança.

O actual Presidente da Câmara, resolveu pôr termo às aspirações locais à saúde e segurança e deu o terreno para um "barracão" da cadeia LIDL.

É caso para perguntar: irá o Sr. Presidente da Câmara parar ao inferno ?

Língua famosa de perguntador famoso



O que terá levado Einstein a mostrar o corpo carnudo alongado, móvel, situado dentro da boca e que é o órgão principal da articulação da palavra, da deglutição e da gustação ?