26/11/07

Temos por cá gente a pensar nisto ?!...

Por mão amiga, chegou-me da Alemanha, Munster, esta composição de imagens, bem elucidativa. A composição faz a comparação do espaço viário necessário para os seguintes meios de transporte: transporte individual, autocarro e bicicleta.

Como se diz na minha terra, até com os olhos se vê!

Aquilo que se passa em Portugal e em especial na Área Metropolitana de Lisboa, é uma aposta reiterada no transporte individual, no transporte rodoviário de mercadorias, no pleno enchimento das vias, com um sem número de horas perdidas em filas, com consumos milionários de combustíveis fósseis completamente desperdiçados, com contributos muito expressivos para a má qualidade do ar e para o aquecimento global. Ou seja, um disparate pegado.


Mas o futuro próximo, não só não promete nada de novo, como pelo contrário só se pode prever um desgraçado agravamento da situação. Por exemplo, na corda viária Sacavém-Vila Franca de Xira, suportada em 2 únicas estruturas viárias, a Estrada Nacional 10 e a Auto-estrada do Norte, a situação só pode piorar. E já está bastante má. A velocidade de serviço destas vias é tão baixa que devia levar os empresários e os residentes da zona a revoltarem-se e a exigir soluções consistentes e sustentáveis.

Note-se que a Estrada Nacional 10, mantém no essencial o mesmo espaço que tinha no tempo das carroças, mas serve agora um sem número de actividades económicas e milhares de utentes diários. Apresenta-se recortada por um número impar de cruzamentos, acessos, triângulos, rotundas, semáforos, passadeiras. Ou seja, circular é uma aventura tão desafiante como o Labirinto de Creta. Só que nenhum de nós é Teseu... e corremos mesmo o risco de morrer às mãos do Minotauro.

Repare-se bem que a construção na zona não pára e que todos os acessos às novas urbanizações, sejam habitacionais ou comerciais, despejam para a Nacional 10. O número de novos fogos autorizados a construir pelas Câmaras de Loures e Vila Franca de Xira deve ser astronómico e induzirá mais e mais trânsito individual.

Nenhuma destas Câmaras faz qualquer diligência para assegurar transportes alternativos, nem tão pouco para reservar espaço para que no futuro possam haver alternativas.

A via férrea tem sido progressivamente estrangulada e tem muito poucas hipóteses de ser equacionada de outra forma. Não há praticamente espaço para fazer novas estações; Não há um único corredor livre para instalar eléctricos rápidos; Os governos recusam-se a investir no metropolitano - é demasiado caro, dizem; Não há onde instalar vias "bus", para melhorar a velocidade de serviço dos autocarros; Nenhuma das autarquias, constrói vias cicláveis, para viabilizar pequenos percursos em bicicleta; Nem a Câmara de Loures, nem a de Vila Franca, nem mesmo a de Lisboa olham para o Rio Tejo como um recurso de transporte viável e sustentável.

Enfim, temos por cá alguém a pensar nestas coisas ?!...

Estamos mesmo bem entregues!

15/11/07

Caoscavém, é mais fiel não é ?!...

Não é apenas por se plantar prédios onde não cabem;
Não é apenas por se fazerem aterros sobre as linhas de água;
Não é apenas por haver lixo por todo o lado;
Não é apenas por ocorrerem cheias evitáveis;
Não é apenas por o trânsito não circular;
Não é apenas por não haver espaços de estacionamento;
Não é apenas por o Presidente da Junta estacionar em cima do passeio;
Não é apenas porque o Quartel dos Bombeiros nunca mais está pronto;
Não é apenas porque empurraram o Sacavenense para o abismo;
Não é apenas por não haver um único programa cultural decente;
Não é apenas por as obras da Estado da Índia, levarem meses de atraso;
Não é apenas por se deixar degradar as zonas históricas da Cidade;
Não é apenas porque se plantam barracas num local que podia ser nobre;
Não é apenas porque o Clube Recreativo fechou;
Não é apenas porque a sinalização de trânsito envergonha;
Não é apenas porque se estão a desfazer rotundas há pouco construídas;
Não é apenas porque o Parque Tejo Trancão não nasce;
Não é apenas porque o Quartel se vai;
Não é apenas porque o Trancão não despolui;
Não é apenas porque a Biblioteca não aparece;
Não é apenas porque só há um jardim;
Não é apenas porque o Jardim se finou;
Não é apenas porque se pespegou um horrendo cabeçudo;
Não é apenas porque se amputam as zonas verdes;
Não é apenas porque não há ligação à segunda-circular;
Não é apenas porque a ponte é um obstáculo para a outra margem;
Não é apenas porque os estacionamentos estão ocupados por carros à venda;
Não é apenas porque dos onze vereadores da Câmara, três moram em Sacavém;
Não é apenas porque os Bombeiros têm de estacionar as ambulâncias no meio da rua;
Não é apenas porque o Museu da Cerâmica parou no tempo;
Não é apenas porque os passeios são um perigo para os peões;
Não é apenas porque à sede da Junta só chega quem anda ligeiro e sobe bem;
Não é apenas porque a Assembleia de Freguesia é uma indignidade permanente;
Não é por nada.
É apenas por tudo isto (e mais o que aqui ainda falta!).
Pronuncio-me a favor de mudar o nome a Sacavém.
Doravante deveria adoptar-se o topónimo CAOSCAVÉM.
É mais fiel, não é ?!...