28/05/08

Presidente-Tartaruga ?

A impagável sabedoria popular e camponesa de Bucelas, proporciona-nos esta pérola de lucidez, que não resisto a partilhar com todos os leitores deste blogue:

A coisa passa-se no Centro de Saúde de Bucelas, durante a consulta a que estava a ser submetido o experimentado e “vivo” bucelense. Colestrol para cima, diabetes para baixo, a vida do dia-a-dia vem à baila na conversa com a médica de família.

- Oh Dra. temos agora pr’aí um Presidente da Câmara que é uma tartaruga em cima de um poste…

A médica não escondeu a surpresa perante o comentário. Se Bucelas é terra de vinho e não de tartarugas!...

- Que é isso de tartaruga em cima de um poste ? - perguntou

O astuto bucelense explicou:

- Uma tartaruga em cima de um poste, é quando a senhora vai por uma estrada ou caminho e vê um poste da vedação, em arame farpado, com uma tartaruga equilibrando-se em cima dele. Isso é que uma tartaruga em cima de um poste...

- Tá a brincar comigo, não?!... – replicou a médica atónita

O homem não desarmou e continuou a explicação:

- Diga-me lá se não concorda comigo,

Ninguém percebe como o “bicho” lá chegou!

Não se consegue acreditar que o “bicho” esteja lá!

Todos sabemos que ele não subiu para lá sozinho!

O povo sabe que ele não deveria, nem poderia estar lá!

É certo que ele não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá!

Então tudo o que temos a fazer é ajudá-lo a descer de lá!

Vamos a isso ?

26/05/08

Levava-lhe um cigarrinho à prisão ?!...

Para o Best of...

Será que nas próximas eleições autárquicas haverá listas para a administração da Parque Expo/parque das Nações?

O assunto é oportuno e pertinente, por isso, com a devida vénia, ao Expresso e ao Eng. Demétrio Alves, reproduzo aqui o texto publicado publicado no passado dia 22 de Maio. A pergunta final, não apenas se inscreve no espiríto deste blogue, como é uma questão incontornável para todos quantos acompanham a e(in)volução do Parque das Nações.


Aí fica então o texto integral:

"No primeiro trimestre de 1990 tive a oportunidade de participar, em Sete Rios, numa reunião com o então ministro Couto dos Santos, onde se analisou a hipótese de Portugal se candidatar à realização de uma Exposição Universal. Nessa reunião participaram também os presidentes das câmaras de Lisboa e Oeiras, respectivamente, Jorge Sampaio e Isaltino de Morais.

A ideia, interessante à partida, tinha todas as condições para não vingar. Efectivamente, não havia então, no país, um referencial de experiência recente para coisa de tal quilate, e, fundamentalmente, porque o enquadramento partidário dos diferentes responsáveis políticos era o mais diverso possível: a presidência da república, a AR e o governo, e as três câmaras municipais, estavam distribuídas, respectivamente, pelo PS (Mário Soares), PSD (Cavaco Silva), e pelos supracitados presidentes de câmara que representavam o PS/PCP em Lisboa e o PSD em Oeiras, mais este, que se subscreve, do PCP.

Na reunião, depois de se comprovar a excelência da ideia, passou-se à primeira prova de fogo, ou seja, o local da realização. Havia três hipóteses: em Algés/Pedrouços junto ao Tejo, distribuída por varias pólos nas duas margens do estuário, e, finalmente, no local onde acabou por assentar. Convenhamos que, numa primeira leitura, o sítio Pedrouços/Algés era um forte candidato: menos trabalho a fazer e um presidente de câmara activo, experiente e... do PSD.

Foi possível escolher bem, e, neste caso, a solução que convinha a Loures. O facto de Lisboa estar a ser percorrida por uma lufada de ar fresco, onde a coligação presidida por Jorge Sampaio aportou uma nova visão estratégica para a capital (entretanto perdida quatro ou cinco anos depois), foi determinante. E Oeiras deu provas de ser elegante e sábia na derrota.

Durante todo o processo iniciado nesse ano, e não em 1993/94 como, por vezes, alguns fazem crer, ocorreram diversos momentos e assuntos críticos que, cada um por si, poderia ter condenado o evento. Num país em que a função política é frequentemente desconsiderada, talvez fosse interessante estudar o caso da EXPO 98, não apenas do ponto de vista do urbanismo, da economia, e do evento cultural propriamente dito, mas, também, na vertente da administração política. Para poder dar mais bons frutos.

Casos como o da avocação, pela Parque Expo, de certas competências municipais em matérias de gestão e planeamento urbanístico, a retirada do aterro (lixeira) de Beirolas e a respectiva construção da central de tratamento/incineração de S. João da Talha, a variante da EN 10, o próprio modelo financeiro (Custos Zero), ou, para ficar por aqui, a localização da segunda travessia rodoviária do Tejo, poderiam ter inviabilizado o projecto, caso não houvesse entendimento e decisões acertadas. Provámos que em política é possível decidir (razoavelmente) bem. Só depois de isso ter sido garantido foi possível viabilizar o trabalho de grande qualidade dos gestores, dos engenheiros e arquitectos, e tantos outros profissionais. Entre todos salientar Cardoso e Cunha, Torres Campos e Vassalo e Silva. Homens distintos entre si, todos assinaláveis na sociedade portuguesa. Do primeiro, retenho, entre vários aspectos, as conversas que tivemos em 1993/94, onde, logo de manhã cedo me confidenciava as suas grandes apreensões iniciais: - chegou a dizer-se convicto de que o primeiro-ministro lhe tinha entregado aquela missão, porque estaria inclinado a pensá-la perdida à partida. Bom, isto provavelmente foi apenas uma táctica do comissário para me sensibilizar. Mas era desnecessário.

Foi e é um sucesso, a EXPO 98 e o Parque das Nações. Contudo, poderia e deveria ter sido melhor caso não se tivesse afunilado o projecto na ideia de que ele não poderia ter custos públicos. O urbanismo, que é bom, seria melhor, e os moradores e comerciantes estariam servidos com os equipamentos e infra-estruturas em falta, coisa que sempre dissemos desde 1994. Está escrito nos diversos documentos.

Finalmente, dizer que me parece bizarro ainda hoje não estar regularizada a situação político-administrativa do Parque da Nações. Quando saí de Loures, em 1999, estava a um passo.

Será que nas próximas eleições autárquicas haverá listas para a administração da Parque Expo/parque das Nações?"