05/07/14

De quem é o mandato ?


A questão que aqui quero trazer à indagação geral e reflexão colectiva, não é jurídica. É política e ética !
 
E é muito simples, a pergunta, mas já a resposta não me parece linear, embora sobre ela tenha convicções como adiante se verá.
 
Pelo nosso sistema eleitoral - que acho bem estruturado, democráticamente evoluído, verdadeiramente representativo, embora não perfeito, claro - os indivíduos aceitam candidatar-se aos cargos políticos, integrados em listas (excepção feita, evidentemente, ao cargo unipessoal de Presidente da República) de forças políticas ou listas de cidadãos (ditas independentes).

Ao aceitarem integrar uma tal lista, revelam dispor-se a partilhar com outros um projecto de intervenção, qualquer que ele seja. Assumem, desde logo, um compromisso com os seus pares, os seus companheiros da lista candidata.

Se se integrarem numa lista de uma força partidária, estarão cumulativamente a aceitar representar - em menor ou maior grau - para além do projecto em concreto pelo qual são candidatos, um ideário, subjacente à existência e actividade da referida força partidária através da qual se candidatam.

No dia das eleições, sujeitam-se a si próprios, o projecto que representam e a força política em que se candidatam e o seu ideário, ao juízo dos eleitores, que fazem as suas opções, votando.
 
Como as condições em que se candidatam dificilmente são autonomizáveis - a menos que tenha havido uma prévia clarificação pública da situação -, uma vez eleito o indivíduo, levanta-se a questão (e tantas vezes tem sido levantada em termos práticos) sobre a quem verdadeiramente pertence o mandato.

Pertence ao indivíduo candidato eleito, ao grupo ou força política pela qual se candidata ou aos eleitores que votaram naquela lista ?

Acredito que hajam opiniões para todos os gostos e, certamente, se jogará - quando a questão se coloca - com inúmeros argumentos, consoante as conveniências e os interesses em jogo.
 
Julgo que os partidos institucionalistas, do sistema, da reprodução do status quo, reclamarão para si a "propriedade" do mandato e a discricionaridade da decisão de manterem "confiança" em tal ou tal eleito, de acordo com a sua fidelidade ao ideário, lealdade aos principios programáticos e conduta perante a acção política concreta.

Os indivíduos, apesar de integrados numa lista e apesar de terem aceite todas as condições de partida e tendo-se sujeitado ao voto popular num dado projecto, tendem (em momentos de crise ou tensão interna) a reivindicar o mandato para si próprios. No limite, reclamando uma condição de "eleito independente" e promovendo a ruptura com a lista ou partido pelo qual se candidataram, permanecendo, contudo, na função.
 
Estas são, diria, as situações mais frequentes, para não dizer as exclusivas, a que temos podido assistir na vida política nacional.
 
Não conheço caso nenhum em que prevaleça a vontade do eleitor ou que lhe seja dada a possibilidade de ajuízar e decidir sobre se quer manter o indivíduo em funções ou se reconhece ao "colectivo" em que o indivíduo se integra o direito de o censurar ou remover.
 
Permito-me considerar que numa democracia avançada, participativa, éticamente evoluída - num futuro qualquer em que seja possível pô-la em prática total ou parcialmente - que devem os cidadãos:

1. Os que foram eleitos, terem a capacidade de reconhecer que o mandato não é exclusivamente seu, terem a capacidade de eventualmente assumir as suas insuficiências para o cargo em que estejam investidos ou para implementarem o projecto que diziam representar e a humildade de abdicarem quando manifestamente as suas acções não correm a contento e se percebe o "choque" com a vontade do "seu" eleitorado;

2. Os que elegeram, terem a capacidade de vigiar as suas escolhas, terem a sensatez de assinalarem o que lhes parece que não está a correr bem e, em tempo oportuno, terem a determinação de exercer a sua influência, em ordem a fazer substituir quem não corresponde ou, a "pôr na ordem", a lista ou força partidária que suportou a eleição do indivíduo.

Bem reconheço que estarei a navegar num plano de exigência cívica quase idealista, mas não reflectir sobre a problemática e não elevar o patamar de cidadania só dá mais e mais espaço a todos os oportunismos e a condutas políticas e éticas pouco recomendáveis, dos indivíduos, das listas, dos partidos.

Defendo pois que os cidadãos (eleitores, bem entendido) devem ter, a todo o tempo, uma palavra a dizer sobre aqueles que elegeram e, que os eleitos, devem estar a todo o tempo preparados e disponíveis para renunciar aos seus cargos.

A minha visão é a de que o indivíduo não pode - em nome do interesse geral - impôr a sua presença quando, manifestamente perturba a concretização do projecto que dizia representar ou quando, os seus eleitores lhe façam sentir que está num caminho errado.
 
Em suma, para mim, o mandato não é do indivíduo e, por muito injustiçado que possa sentir-se, deve abdicar assim que explicitamente perceber que é persona non grata na concretização daquele projecto.

A problemática tem inúmeros talvez, apesar, contudo, se, provavelmente. Mas a verdade é que em política o que parece, costuma ser.

Portanto, de quem é o mandato ?

Do indivíduo, só muito parcelarmente, sejam quais forem os seus méritos, experiência ou curriculum.

Não faltam por aí profissionais altamente competentes que têm muito pouca capacidade de representarem interesses mais vastos que a si próprios ou da sua classe profissional.

As coisas são o que são e o mandato - numa democracia representativa - só pode ser dos eleitores. Digo eu...


04/06/12

A vingança do Costa ou mais uma vulgar traição ?


O PSD e o PS têm no seu cadastro político um infindável rol de malfeitorias ao Concelho de Loures e às suas populações.

Não escavarei nos ultimos 30 anos, sob pena de não conseguir concluir este escrito, mas o modo autoritário, cínico e dissimulado como transformam justas aspirações e reivindicações locais em soluções anti-democráticas, desrespeitosas, e injustas teve um exemplo mor com a criação do Concelho de Odivelas. A pretensão da fusão de freguesias, de forma imposta, administrativa, abusando da autoridade do Estado, apresta-se para configuração idêntica.

Estou convencido que a seu tempo e com o devido distanciamento, universitários e investigadores hão-de por a nu, as farsas, enganos, mistificações e o autoritarismo que impregnam as decisões políticas e as leis a que deram origem, estas subversões (adornadas de demagogia) cujo propósito último (consciente nuns e inconciente noutros) é produzir um ataque final e letal a uma conquista essencial de Abril: o poder local democrático.

É de traições puras e duras que estamos a falar.

Como é agora o caso de criação da freguesia da área do Parque das Nações que nasce artificial, despropositada e desconforme. Importa recordar que o território de Moscavide e Sacavém foram usurpados desde logo para a realização da EXPO-98, conferindo-lhe um estatuto especial, ilegítimo, cujo propósito foi apenas e só o de eximir ao papel fiscalizador das autarquias (de Loures e Lisboa) todas as manobras, negociatas e ocupação selvagem do território que tiveram lugar antes, durante e depois daquele certame internacional.

Extraordináriamente, após terem feito o que lhes deu na real gana, na zona, os governos (do PSD e PS) queriam, com a maior das ligeirezas e desfaçatez, passar aos Municípios os ónus económicos e de gestão do território, que o seu modelo forçado, ao sabor dos interesses imobiliários e financeiros, ali determinou. Outra vez, o lema de sempre desses senhores: os pobres que sofram e paguem a crise, porque os lucros já estão entregues, em boas e cuidadas mãos...

Agora, à boleia de justificada aspiração dos moradores do Parque das Nações a quem Santana Lopes, Carmona Rodrigues e Carlos Teixeira simplesmente deixaram num gueto político-administrativo, sem que se interessassem, actuassem ou interagissem, PSD e PS pespegam uma nova e traiçoeira machadada, não apenas no Município de Loures e nas suas freguesias, mas no poder local, na Constituição da República e, sobretudo, na democracia, com que gostam de encher a boca todos os dias, mas que em nada respeitam. 

É uma traição perversa, ao voto dos cidadãos (não foram a eleições propondo-se usurpar territórios a uns para dar a outros).


É uma estocada cobarde nas históricas freguesias de Sacavém e Moscavide que são assim empurradas para o definhamento geográfico, urbanístico, ambiental e demográfico.


Estamos a lidar com bufarinheiros de almas, consciências, princípios, territórios e até, quiça, das próprias mães, se tivessem oportunidade disso.

De tal modo, esta actuação - encoberta, disfarçada, oportunista - é soez e ofensiva para as populações do Concelho de Loures, que me pergunto se não há aqui um traço de vingança, de ajuste de contas, de António Costa com o Concelho de Loures, que daqui foi despachado de burro e ferrari às costas, sem honra, nem glória. Para quem tem as ambições que tem, ficou a mácula do enxovalho eleitoral e político. Eis que a vingança se serve fria ?!

Por outro lado, só António Costa, Tózé Seguro e Carlos Zorrinho congeminaram a patifaria ?

Carlos Teixeira estava submergido em proverbial ignorância ?


E que dizer do Deputado socialista Pedro Farmhouse, que também é Presidente da Assembleia Municipal de Loures ? Desconhecia o projecto-lei do PS e PSD que se aprestava para votar, traindo a sua condição de autarca e os votos que recebeu dos eleitores de Loures ?

E ninguém diz nada, ninguém alerta, ninguém traz o assunto a público e a debate ?

A única coisa que a Câmara de Loures dirigida por estes qualificados políticos locais tem a lamentar é, à posteriori, a perda de receitas ?

Que dizer ainda do ensurdecedor mutismo e extravagante silêncio dos senhores presidentes das Juntas de Freguesia de Sacavém e Moscavide ?

Estão satisfeitos com o desfecho ? Será que ficaram aliviados ?!...

Uma vez que nada fazem, tranquiliza-lhes a consciência nada terem que fazer ?

Como aparentemente ninguém desta rapaziada local conta para nada, sobra-me a dúvida sobre se estamos perante a vingança do Costa ou apenas mais uma vulgar traição ?

15/10/11

Fraude descomunal ou "gripe A" das dívidas soberanas ?


Dizia-me ontem um amigo, reputado economista, de reputada formação, em reputada universidade nos EUA, cuja esposa é médica, também naquelas insuspeitas paragens que, se havia coisa de que nunca tinha ouvido falar na sua vida universitária e profissional - sempre no domínio económico - era do "contágio".

Contágios - dizia-me ele, telefonicamente, humoradamente - foi o que andou a estudar e trata todos os dias a Eduarda (a esposa) que exerce no âmbito da Infectologia.

E de facto...

As minhas relações com a economia, para além do dia-a-dia, não foram, na universidade, nem muito extensas, nem muito profundas, pelo que a questão nunca me tinha ocorrido.

Tanta vez nos atiram para cima com o contágio, tanto nos intimidam com o dito, que - apesar da minha pródiga desconfiança com essa rapaziada "económica" que anda por aí a dar palpites insistentemente - aceitei acriticamente a tese do contágio.

Ocorreu-me, agora, imediatamente a ideia vulgar de que um contágio é a "transmissão de uma doença por contacto mediato ou imediato".

No caso da economia, para ter lugar um contágio virulento (e por ventura mortal), pressupõe-se um "contacto imediato" substancial.

Logo, para a crise grega poder ter um efeito devastador sobre Portugal (ou de Portugal sobre o Luxemburgo, tanto faz, é só um exemplo) significaria que tais contactos ocorressem. Pois que me conste, os nossos negócios com a Grécia, não constipariam nem a Freguesia da Apelação.

Donde, a hipótese que resta, para o famigerado "contágio" será o contacto "mediato". Ou seja, serão precisos "vectores" capazes de "trasportar" os vírus contagiantes. (voltarei à questão dos contactos mediatos e aos vectores, para fazer mais umas perguntas)

Como bem se sabe, para gerar uma "pandemia" há também 2 possibilidades: uma real e outra imaginária.

Na real, o contágio tem efectivamente lugar e a doença instala-se.

Na imaginária, cria-se o "ambiente", gera-se o medo, ameaça-se com a probabilidade e lá vai disto, pandemia activada.

Lembremo-nos apenas da recente "pandemia" de gripe A (o pomposo e assustador H5N1).

Que vinha aí em força, que por todo o mundo a infecção crescia desmesuradamente, que os doentes morriam que nem tordos...

Que seria o fim do mundo... se não tivessemos a "vacina maravilhosa".

E vai daí, 22 governos europeus (contagiados pelo alto principio do fazer bem, olhando a quem) encomendaram nada menos que 440 milhões de "Pandermix" à incontornável GlaxoSmithKline.

E foi o que se viu. Com a "pandemia do H5N1", não morreram mais pessoas do que aquelas que morrem todos os anos com as expressões mais vulgares da "influenza".

Tratou-se de um embuste de proporções significativas, em que a disseminação do medo (o medo é irracional) promoveu um "contágio" sem precedentes, que proporcionou certamente lucros sem precedentes à GSK.

Agora, os governos, ou seja, nós, vamos pagar caro para que as ditas vacinas sejam destruidas em segurança, porque evidentemente não servem para nada. E ao que parece, se servissem, até poderiam ser perigosas. 

E da fraude da gripe A, chego à vulcânica fraude das dívidas soberanas.

O contágio na crise das dívidas soberanas é real ou fictício ?

Não será que o dito "contágio" tem um valor semelhante ao do H5N1 ?

Neste caso, o pavor do "contágio" pela dívida soberana, actuando da mesma forma, tem uma margem de lucro colossalmente diferente.

Veja-se, intimidaram-nos e intimidam-nos com o "contágio", predispõem-nos a "apanhar uma vacina" que terá de ser produzida aos milhões e que, evidentemente, teremos de pagar a bom preço.

Mas logo ali a têm, à mão, a "vacina milagreira": um "pandermix de entendimento" produzido esforçadamente pelo consórcio FMI-BCE-UE, que nos fornece o antídoto contra o "contágio".

Bom, pelo menos durante alguns dias, porque é capaz de ser necessário um reforço de vez em quando... Não venha de lá o contágio outra vez!

Ora, se as ciências económicas nunca estudaram o alardeado "contágio", não será de desconfiar de que estaremos perante a pandemia da "gripe A" das dívidas soberanas ?

Nunca aconteceu, mas nós compramos milhões de "vacinas" a pagar com língua de metro, por muitos e bons anos e excelente margem de lucro para quem vende a coisa.

E se não nos deixarmos intimidar ? Quanto não pouparemos nas vacinas ? Nas máscaras ? Nos líquidos desinfectantes ? Nas luvas ?

05/09/11

Não há uma alternativa por aí ?!...


Provavelmente, estou a passar um dos meus momentos líricos, mas ao assistir ao inqualificável despautério deste governo, que se prepara para nos levar, e ao país, à indigência sem esperança, ao endividamento sem saída, a revoltante subserviência sem dignidade, custa-me perceber onde está a oposição, onde está a esquerda, quem tem coragem para propôr uma alternativa credível e praticável.

Numa metáfora simples e pouco original, direi que assisto - assustado - a uma viatura a ganhar velocidade vertiginosa em direcção ao abismo, conduzida e empurrada alegre e arrogantemente por um bando de inconscientes, sob os aplusos e incentivos de uns quantos malfeitores.

 
Olhemos para a nossa economia familiar e vejamos apenas isto: se não criarmos riqueza (não tivermos salário ou qualquer outro rendimento), seja qual for a dimensão dos cortes e restrições que façamos, é possível educar os filhos ? assegurar a saúde ? sobreviver que seja ?!...
Então, como pode pensar-se que no país tal é possível ?

Não será, pois, uma emergência nacional que os partidos de esquerda se entendam, numa plataforma mínima que seja, para travar a desgraça eminente ?

Posso até estar lírico, ser politicamente inconveniente, mas não sou inconsciente. Não ignoro que as dificuldades são muitas, que as atitudes e acções de cada partido têm sido muito diversas, que os partidos se co-responsabilizam mutuamente por nunca se entenderem e poucas vezes estarem de acordo. Não desconheço que as responsabilidades na situação não são idênticas. Não questiono que os partidos ditos de esquerda não representam exactamente os mesmos interesses e não têm a mesma visão para o país.

Apesar de tudo isso, o verdadeiro serviço ao país e aos portugueses não será, agora, calar as diferenças e tudo fazer para procurar e encontrar semelhanças ?

Pode admitir-se que seja impossível que BE, Os Verdes, PCP e PS, encontrem nos seus Programas um conjunto nuclear de temas e propostas em que se ponham de acordo e que sejam capazes de elevar à categoria de um desígnio comum para o país, em ordem ao seu desenvolvimento ?

Será que os partidos da oposição não são capazes de reunir as suas forças, capacidades e ideias, para dar um projecto de esperança ao país ?

Será que os partidos da esquerda não são capazes de elaborar um Programa económico de salvação, mobilização e desenvolvimento nacional, comum ?

Não há uma alternativa por aí ?!...
Seja-me então permitida a proposta (independentemente da vontade explícita ou implícita dos dirigentes de cada partido): Que encontrem, com urgência, a forma de conversar entre si, para que se inicie, sem delongas, a preparação de um programa alternativo ao da direita, que já mostrou o que (não) vale e para o precipicio a que nos conduz.

Seguramente, muitos mais, com esse sinal, se juntarão na contribuição para um projecto sério e praticável para Portugal, que se quer um país livre, independente e justo.

Este momento particular de Portugal, da Europa e do Mundo, será talvez uma derradeira oportunidade de as forças políticas que em Portugal se reclamam da liberdade, desenvolvimento, justiça social e igualdade de oportunidades fazerem, em conjunto, algo verdadeiramente útil, necessário e urgente, que honre as suas siglas, os seus símbolos e os seus propósitos anunciados. Talvez a última oportunidade para uma lição à Europa e ao Mundo.

 

02/07/11

As privatizações são um erro ?

As privatizações são um erro. É o que dizem alguns comentadores e economistas que comentam a situação do país e analisam o programa do Governo.

Argumentam que privatizar, neste momento, é vender a preço de saldo. É uma verdade insofismável, mas é uma verdade muito insuficiente, porque escamoteia muitas outras verdades por detrás desta.


Primeira verdade escondida: o Governo pretende privatizar as empresas públicas ou com participação do Estado que são lucrativas. O governo não quer privatizar as empresas que dão prejuízo;


Segunda verdade escondida: o Governo, como no caso da CP, procura igualmente as partes lucrativas das empresas para privatizar, mas as partes deficitárias não procura e não quer privatizar. Ou seja, neste caso, da CP, vai privatizar a CP Cargo que é lucrativa, mas a CP "passageiros", que é deficitária, não privatiza;


Terceira verdade escondida: ao proceder assim, o Governo, procura passar rapidamente para as mãos dos privados tudo o que no Estado gera lucro e podia ajudar a equilibrar as contas públicas e ajudar ao financiamento dos serviços públicos. Do nosso lado, do lado dos contribuintes, ficará tudo e apenas o que é deficitário e que será suportado com os impostos de quem trabalha;


Quarta verdade escondida: os portugueses vão ser espoliados de um conjunto de bens que edificaram e pagaram durante anos e que, com este caminho, serão entregues por tuta e meia, sem rendimento, sem honra e sem glória;


Quinta verdade escondida: ao arrepio dos apelos - ainda que hipócritas - do Presidente da República para se consumir português e valorizar o que é nacional, é quase certo que uma parte substancial deste património que os portugueses erigiram, vá parar a mãos estrangeiras. Ou seja, a riqueza gerada em Portugal, por essas empresas que vão ser privatizadas, não vai contribuir para nos livrarmos da crise, vai servir para acentuar os nossos deficites e as nossas dificuldades;


Sexta verdade escondida: mesmo no caso em que alguns portugueses fiquem com aquelas empresas, os seus lucros passarão a ser disfarçados e a ser dirigidos para off-shores, eximindo-se ao pagamento de impostos e o Estado não estará lá para vigiar, verificar e controlar;


Sétima verdade escondida: no futuro, sem outras fontes de rendimento, só os impostos sobre os trabalhadores e os consumidores financiarão o Estado e as suas necessidades;


Oitava verdade escondida: o Estado e as suas necessidades são em grande medida, os polícias que exigimos para a nossa segurança e dos nossos filhos, os médicos que esperamos encontrar nos hospitais e centros de saúde, os enfermeiros que precisamos para nos prestar assistência e aos nossos mais velhos, os professores que queremos competentes e dedicados nas nossas escolas, os juizes e profissionais da justiça que podem dar justiça à justiça. O Estado é tudo aquilo que não nos podemos esquecer e ignorar que é, mas que todos os dias nos dizem que é outra coisa, para nos embarrilarem na doce cantiga das privatizações, porque "há Estado a mais". Há Estado a mais mas não daquele que é preciso aos portugueses. Há Estado a mais, mas é naquele que o PS, o PSD e o CDS, o encheram de amigos e correligionários. E nesse, não está previsto mexerem;


Nona verdade escondida: dizem-nos que as privatizações têm de ser feitas porque "foram acordadas com a troika" estrangeira. Bom, mas a troika estrangeira e a troika portuguesa não perseguem os mesmos interesses ? Ambas as troikas não servem os mesmos patrões ? Qual era a dificuldade de se porem de acordo sobre isso ? Onde é que se estranha que uns tenham gritado "mata" e os outros acrescentem, "esfola" ?


As privatizações são um erro ?


Não são. As privatizações são o primeiro (e se calhar único) objectivo estratégico do Governo português e dos seus patrões, que são os mesmos patrões da troika estrangeira.


Um erro, é classificar este programa de afronta aos portugueses, como um erro. Os erros são desculpáveis.


As privatizações em Portugal não são um erro, são um crime deliberado, premeditado, doloso de lesa-cidadão. Os responsáveis por esta operação - se a consumarem - deveriam ser julgados por crime económico, traição e violação dos direitos humanos.

22/05/11

Já não se lembra e tal ?!...

Caro eleitor,
Claro que se percebe caso não tenha memória dos ultimos 33 anos de governos constitucionais. Ou é mais novo do que isso e, evidentemente não pode lembrar-se ou tem idade para se lembrar, mas o problema é exactamente esse e prefere não lembrar.
Seja como for, é muito importante que todos tenhamos presente quem foram os senhores que nos trouxeram até aqui, 33 anos depois, depois de milhões de euros de apoios da União Europeia, depois de milhões de contos de empréstimos do FMI, depois de milhões de sacrifícios em euros ou em contos, pouco importa a tradução monetária.
Saliento apenas como curiosidade que nestes 33 anos, tivemos durante 15 em vários governos, o impagável e silencioso Cavaco Silva que, como é óbvio, nada tem que ver com a crise e o estado miserável a que o país chegou.
Se algum eleitor mais desinformado precisar saber que partidos representaram estes senhores primeiros-ministros e ministros das finanças, posso prestar essa informação adicional, mas estou convencido que uma busca na internet esclarecerá todas as dúvidas.
Já não se lembra e tal ?!...
Pois então informe-se por favor e não repita os erros do passado. Portugal agradece.

15/05/11

Porque estão encerrados ao Domingo os Museus de Loures ?

Porque estão encerrados ao Domingo os Museus de Loures ?

10/04/11

Vem aí um novo paradigma nas ciências sociais ?


Não é propriamente uma novidade absoluta, esta de podermos contar na nossa classe política com gente que muito pouco tempo depois de dizer "sim", diz que afinal, o que queria dizer era "não". São os conhecidos profissionais do vice-versa ou do versa-vice, tanto faz.

Com a maior das serenidades e impassibilidades, tratam o "sim" e o "não" como elementos neutros das suas muito particulares operações dialécticas e discursivas. Sem qualquer inflexão de voz, sem qualquer trejeito facial, sem dedos a fazer figas, tratam o "sim" como "não" e o "não" como "sim". Aqui, nem o Dr. Cal Lightman, da série televisiva "Lie to me" se safava.

Mas os últimos anos e em especial nos últimos meses, revelou-se um verdadeiro super-campeão da modalidade: José Sócrates Pinto de Sousa, para muitos, engenheiro em projecto, mas que vem mostrando a mais "engenhosa" das capacidades de sustentação, o que certamente o fará ombrear com o Eng. (de facto) Edgar Cardoso, um dos expoentes mundiais da engenharia de sustentação.

Em si mesmo, José Sócrates Pinto de Sousa, merece que nos universos das Neurociências, da Psicologia, da Antropologia e da Sociologia, seja intensamente estudado o seu caso. Portugal e o mundo académico e da investigação precisam perceber que condições históricas, sociais, políticas, psicológicas e fisiológicas conseguem produzir um caso tão especial de político vice-versa ou versa-vice.

Mas não deveriam ainda as ciências sociais, em geral, focar-se neste caso ímpar, de um partido inteiro não apenas se render, como se entusiasmar abundantemente com todos os vice-versa ou versa-vice quotidianos do Sr. José Sócrates Pinto de Sousa ?

Que extraordinárias explicações, revelações, nos poderá trazer daqui a uns anos a ciência ? Muito provavelmente com o estudo deste caso, terá lugar uma inesperada ruptura epistemológica em muitos domínios científicos. E bem sabemos que a ciência avança, também, sempre que se depara com casos inusitados.

É consabido que os partidos políticos são universos sociais especiais. Ainda assim, não pode deixar de causar perplexão um tal unanimismo, quase furioso, em torno de uma figura, que com a mesma convicção desmente o que acabou de afirmar ou que procede exactamente ao contrário do que trejurou fazer.

Resta ainda saber, se o objecto dos estudos que proponho não terão de ser ainda alargados ao país. É que a tendência que os portugueses têm revelado para os problemas de memória (não só histórica, mas também contemporânea, de algumas horas apenas...), de compreensão da realidade que os rodeia, de abstracção e de "planeamento" é preocupante.

A perda de sentido nos "opostos elementares", como "sim" e "não", "concordo" e "discordo", "preto" e "branco", em que tudo se amalgama de modo indefinido e desestruturado, talvez configure um estado de anosognosia ou a caminho disso.

Quando é individual é uma questão do âmbito das ciências médicas. Quando é colectiva é uma questão para as ciências sociais.

Estaremos na eminência de um novo paradigma nas ciências sociais ?

05/04/11

Os governos medem-se aos palmos ?!...

Passos Coelho terá ido perorar ao “Clube dos Pensadores” (eeehhhh lá…) que vai ter o mais pequeno governo de sempre, sem especificar muito bem o tipo de “pequeno” em que está a pensar, pelo que aqui ficam perguntadas, algumas perguntas a propósito:

O governo vai ser pequeno, porque ele alcandora-se a primeiro-ministro e contrata o resto fora, em regime de outsourcing ?

O governo vai ser pequeno, porque só lá entra rapaziada da bitola de Marques Mendes ?

Será um governo temente ao FMI e vai estar de cócoras ?

Será dada uma oportunidade aos jovens, com um governo constituído pelos mais promissores do pré-escolar ?

Os governos medem-se aos palmos ?!...