05/09/11

Não há uma alternativa por aí ?!...


Provavelmente, estou a passar um dos meus momentos líricos, mas ao assistir ao inqualificável despautério deste governo, que se prepara para nos levar, e ao país, à indigência sem esperança, ao endividamento sem saída, a revoltante subserviência sem dignidade, custa-me perceber onde está a oposição, onde está a esquerda, quem tem coragem para propôr uma alternativa credível e praticável.

Numa metáfora simples e pouco original, direi que assisto - assustado - a uma viatura a ganhar velocidade vertiginosa em direcção ao abismo, conduzida e empurrada alegre e arrogantemente por um bando de inconscientes, sob os aplusos e incentivos de uns quantos malfeitores.

 
Olhemos para a nossa economia familiar e vejamos apenas isto: se não criarmos riqueza (não tivermos salário ou qualquer outro rendimento), seja qual for a dimensão dos cortes e restrições que façamos, é possível educar os filhos ? assegurar a saúde ? sobreviver que seja ?!...
Então, como pode pensar-se que no país tal é possível ?

Não será, pois, uma emergência nacional que os partidos de esquerda se entendam, numa plataforma mínima que seja, para travar a desgraça eminente ?

Posso até estar lírico, ser politicamente inconveniente, mas não sou inconsciente. Não ignoro que as dificuldades são muitas, que as atitudes e acções de cada partido têm sido muito diversas, que os partidos se co-responsabilizam mutuamente por nunca se entenderem e poucas vezes estarem de acordo. Não desconheço que as responsabilidades na situação não são idênticas. Não questiono que os partidos ditos de esquerda não representam exactamente os mesmos interesses e não têm a mesma visão para o país.

Apesar de tudo isso, o verdadeiro serviço ao país e aos portugueses não será, agora, calar as diferenças e tudo fazer para procurar e encontrar semelhanças ?

Pode admitir-se que seja impossível que BE, Os Verdes, PCP e PS, encontrem nos seus Programas um conjunto nuclear de temas e propostas em que se ponham de acordo e que sejam capazes de elevar à categoria de um desígnio comum para o país, em ordem ao seu desenvolvimento ?

Será que os partidos da oposição não são capazes de reunir as suas forças, capacidades e ideias, para dar um projecto de esperança ao país ?

Será que os partidos da esquerda não são capazes de elaborar um Programa económico de salvação, mobilização e desenvolvimento nacional, comum ?

Não há uma alternativa por aí ?!...
Seja-me então permitida a proposta (independentemente da vontade explícita ou implícita dos dirigentes de cada partido): Que encontrem, com urgência, a forma de conversar entre si, para que se inicie, sem delongas, a preparação de um programa alternativo ao da direita, que já mostrou o que (não) vale e para o precipicio a que nos conduz.

Seguramente, muitos mais, com esse sinal, se juntarão na contribuição para um projecto sério e praticável para Portugal, que se quer um país livre, independente e justo.

Este momento particular de Portugal, da Europa e do Mundo, será talvez uma derradeira oportunidade de as forças políticas que em Portugal se reclamam da liberdade, desenvolvimento, justiça social e igualdade de oportunidades fazerem, em conjunto, algo verdadeiramente útil, necessário e urgente, que honre as suas siglas, os seus símbolos e os seus propósitos anunciados. Talvez a última oportunidade para uma lição à Europa e ao Mundo.