Dizem os dirigentes políticos europeus e o nosso extremoso Sócrates que estamos Tratados. Ou seja, eles trataram do Tratado. Nós não tratámos de nada e certamente não iremos tratar. Não metemos prego nem estopa para a conversa. Assistimos apenas. Uns boquiabertos, outros indignados e outros ainda embevecidos com a parada de estrelas políticas que desfilaram pelos telejornais, o rocócó nacional de algumas ementas servidas às excelências, uma tímida viagem de eléctrico e até com as canetas de prata personalizadas com que o benfazejo documento foi assinado.
O que fica por saber – que as miudezas já nós bem dominamos (bendita comunicação social a nossa) – é o que é que afinal representa para nós, para o nosso dia-a-dia, para o nosso desenvolvimento, para o futuro do país, este tão aclamado – por alguns, daqueles que eu desconfio sempre, porque normalmente o que eles acham bom para mim, eu acho que só é bom para eles – tratamento, perdão, Tratado.
Em geral e apanhando pontas soltas conseguimos ficar a saber alguns dados objectivos:
· Vamos perder eurodeputados, portanto, reduzir a nossa representação política;
· Vamos perder o Comissário Europeu, portanto, reduzir a nossa representação política, o peso da participação e intervenção portuguesa na construção europeia;
· Vamos perder a Presidência rotativa – que vigorava até agora, logo capacidade de influência e marcação de agenda (pelo menos);
· Vamos perder a capacidade de vetar políticas e medidas que sejam contra o interesse nacional;
E o que vamos ganhar ? Objectivamente, são tudo incógnitas, dúvidas e esclarecimentos futuros. Os nossos governantes – e os deliciosos politólogos oficiais do regime – exprimem-se continuamente no sentido de que “contam que”, têm “a convicção que”, “provavelmente”, “pode ser que”. Só garantias, hein?!...
Isto é, têm a mais absoluta certeza na incerteza e, isto, apenas para não reconhecerem que Portugal não ganha nada neste novo rumo da União Europeia. No fundo, tudo o indica, os povos europeus não ganham nada com este tratamento, perdão, Tratado.
Alguém ganhará, por certo, dado o imenso foguetório e as canetas de prata. Lamentavelmente, desconfio que serão os suspeitos do costume e por isso até ficam com pele de galinha quando ouvem falar de referendo.
Irra, não vá o povo, que nada percebe destas coisas, que não vislumbra o enorme êxito político e diplomático alcançado, que coitadinho não sabe quais são os seus interesses, dizer que não quer nada disto. Cruzes canhoto!
Porreiro, pá ?!...
Há coisas que todos os dias nos apetece perguntar. Mesmo que ninguém esteja disponível para responder. Perguntas há-as mais pertinentes e menos pertinentes, mas são sinal de inquietação. E se nos interrogamos e interrogamos sobre o mundo à nossa volta, é porque estamos vivos.
14/12/07
Porreiro, pá ?!...
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