03/03/09

Portas, para que vos quero ?!...

Depois de Cunhal, ter escrito o seu Um Partido com Paredes de Vidro, eis que alguém - seguramente de gabarito intelectual e político semelhante - decide, não escrever, mas concretizar Uma Câmara sem portas.

Desconhece-se por enquanto se dará origem a um livro de filosofia política, orientação partidária ou gestão autárquica. Mas é coisa já aplicada!

Ninguém atesta as razões porque, de um dia para o outro, desapareceram todas as portas das salas e gabinetes do Departamento do Ambiente da Câmara Municipal de Loures, mas são já muitas e variadas as versões e apostas sobre o inaudito e promissor acontecimento.

Os mais crentes, aceitam a tese de que foi um acto de vandalismo gratuito, logo contraditada pelos cépticos que rejeitam a ideia por não ter sido apresentada queixa na polícia;

Alguns, cínicos, dizem que se trata de uma das 200 novas medidas simplex anunciadas pelo Governo, para evitar o aborrecimento de se ser educado, bater à porta e pedir licença para entrar, enfim, burocracias e perdas de tempo, o que é desmentido por cínicos de sinal contrário que dizem que não senhor, que o primeiro-ministro não incluiu a remoção de portas na sua estratégia de implosão da educação e muito menos no simplex;

Os sonhadores acreditam que vai emergir uma nova dinâmica ambiental com esta completa "abertura" de portas. Ao que os menos sonhadores replicam que a imobilidade do ambiente na Cãmara de Loures não se devia às portas fechadas, mas a outros factores bem mais prosaicos (e não dizem quais!...);

Os alinhados apostam que é uma estratégia eleitoral ultra-moderna (provavelmente inspirada na campanha Obama) que ainda há-de fazer com que o Vereador Galhardas seja vereador de novo, mesmo sem ser candidato de ninguém. Os desalinhados riem e apostam que é para se ouvirem melhor e por todos os funcionários, os poderosos gritos com que aquele costuma mimosear algumas das suas visitas e alguns dos seus colaboradores;

Os rectos, dizem que é uma medida de inegável transparência. Os sinuosos, por seu turno, dizem, à boca pequena, que é para toda a gente ver que o Director de Departamento é mais o tempo que lá não está do que o que está;

Vozes dispersas e, certamente, bem intencionadas asseguram que se trata de uma medida sanitária. Para dar ambiente, dizem. Vozes também dispersas mas muito menos bem intencionadas, concordam que é uma medida sanitária, mas garantem que o objectivo é tentar uma barrela atmosférica, para a qualidade do ar interior estar em conformidade com a lei vigente.

Parece pois que a interrogação do momento é, Portas, para que vos quero?!...

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