O jornal El País, noticiava, na sua edição de 27 de Junho passado um relatório da Greenpeace em que esta organização denuncia que em 89 casos de corrupção urbanística, estão envolvidos mais de 354 cargos públicos, entre eles vários presidentes de câmaras muncipais.
O relatório, denominado "Destrucción a toda a costa", aborda o problema da completa invasão urbanística da costa espanhola, por empreendimentos turísticos que têm tanto de faraónicos como de ilegais e estão projectados mais de 300 campos de golfe. O levantamento feito pelos ecologistas denuncia ainda que detectou mais 99.500 moradias ilegais.
Concluí o Greenpeace que o ritmo de ocupação do solo por urbanizações tem crescido em Espanha ao ritmo de 3 campos de futebol por dia.
Por cá, espantosamente, quando os outros começam a reconhecer os erros cometidos, quando os processos em tribunal começam a resultar em acusações e condenação, quando se verificam os problemas decorrentes das opções feitas, pretendemos imitá-los.
Quem leia, mesmo que fugazmente, os chamados jornais ou cadernos "de economia" e de "negócios" da nossa praça ou oiça ou leia o Ministro da Economia (e outros, incluindo o Primeiro Ministro) nas suas entrevistas institucionais, só tem razões para ficar preocupado.
Os famosos PIN (projectos de Potencial Interesse Nacional) já andam por aí a viabilizar empreendimentos turísticos e muitos campos de golfe (na verdade a especular e a ocupar selváticamente o solo). O interesse nacional é só e apenas potencial, mas entretanto, podem construir e ganhar milhões.
Compram as propriedades agrícolas (supostamente não urbanizáveis) a baixo preço e um providencial PIN (cujo estatuto se obtém, não sei bem como), transforma terrenos de tostões em mais-valias de milhões. Mesmo que não haja qualquer interesse nacional, os promotores já realizaram os seus fabulosos lucros.
Se o milagre da multiplicação dos pães já me tinha impressionado, veja-se bem o efeito que não há-de provocar o milagre da multiplicação das fortunas. Sócrates também ficará na nossa história, a par de quantas santas milagreiras tivemos.
Certamente, alguns Presidentes de Câmara e outros detentores de "cargos públicos" o acompanharão. Aliás, não vejo como possa deixar de ser, quando vejo o que vejo na nossa costa e mesmo nas margens ribeirinhas dos nossos rios mais significativos, onde avulta, por todas as razões o Tejo.
Um dia, quando em Portugal o mal também estiver feito e na justiça se começarem a apurar responsabilidades, como vai ser ?
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